
Por: Sérgio Augusto do Nascimento
Não há nada mais paraense que um “égua” bem falado. Vou aproveitar e a partir de agora não uso mais aspas. O égua é icônico e motivo de orgulho.
Eu sei que, aqui entre nós, nem precisa mas vou deixar bem claro: nesse contexto, o égua não é o feminino do cavalo. É simplesmente égua e ponto.
No Pará, significa surpresa e felicidade; contrariedade e satisfação; ou o que mais for possível com uma única palavra. Em Belém, em qualquer época do ano, até no inverno, o que não falta é gente reclamando de dias muito quentes (égua do calor).
Quando bate aquela desilusão (égua, não!) ou a dupla Remo e Paysandu põe a bola nas redes (éguaaaaaaa do golaço), a nossa mais famosa expressão linguística é básica.
E de onde vem a palavra? Bem, já são décadas – talvez séculos – de uso e ainda não se sabe exatamente sua origem. Teria surgido no nordeste brasileiro ou – quem sabe – no norte de Portugal, especialmente por causa da língua-mãe.
Mas espera aí, já paraste pra pensar se o nosso égua começou em Portugal? Uma coisa é certa: no norte mesmo do país, e no Porto, há uma expressão que significa tudo o que o égua nos transmite. Sabias dessa?
Égua em Belém, Carago no Porto
Quando o portuense falar contigo e, lá pelas tantas, soltar um “carago”, não vais te ofender. Ele simplesmente estará expressando surpresa, alegria, frustração, etc, etc, etc.
Ou seja: o égua em Belém significa carago no Porto. Assim como o nosso égua parece ofensivo, para quem não conhece nossas particularidades, o carago também nos pode parecer rude, mas na verdade é uma expressão da rica cultura popular.
É o que eu sempre digo: égua do DIÁRIO NA EUROPA, carago!
*Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.