A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu, nesta semana, a inscrição do Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú no programa internacional “Memória do Mundo”. O documento, protegido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA), passa a integrar uma lista seleta de patrimônios documentais considerados essenciais para a humanidade.
Com cerca de 2 metros por 2 metros, o mapa foi desenhado artesanalmente em 1943 e é um dos principais registros do povoamento indígena original no Brasil. Ele destaca, de forma única, as diversas línguas e culturas dos povos originários que habitavam o território brasileiro antes da colonização. Antes do reconhecimento internacional, o documento já era tombado em âmbito nacional.
O programa “Memória do Mundo” busca preservar documentos de relevância global e garantir o acesso democrático a esses acervos. Atualmente, apenas 13 documentos brasileiros fazem parte da lista internacional, que conta com 496 registros no total. Entre os outros itens reconhecidos estão a Bíblia de Gutenberg (Alemanha), a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França) e o Arquivo Arquitetônico de Oscar Niemeyer (Brasil).
Curt Nimuendajú
O autor do mapa, Curt Nimuendajú, nasceu Kurt Unckel, na Alemanha, em 1883, e se naturalizou brasileiro após anos de convívio e estudo com diversas etnias indígenas. Foi o povo guarani que lhe deu o nome “Nimuendajú”, que significa “aquele que fez morada”, adotado por ele de forma oficial. Sua trajetória como etnólogo se consolidou no Brasil, especialmente por meio das pesquisas realizadas no Museu Goeldi.
O reconhecimento da Unesco é também um marco para a história da instituição paraense, referência em estudos sobre a Amazônia. O Museu Goeldi é responsável pela guarda e preservação do mapa, reafirmando sua missão de valorização do patrimônio documental amazônico.