
A Quarta-feira Santa marca o fim da Quaresma e o início do Tríduo Pascal, período central da Semana Santa. Mas, mais do que uma transição litúrgica, este dia carrega um peso dramático: é o momento em que Judas Iscariotes concretiza sua traição, selando o destino de Jesus Cristo.
A Noite em que Tudo Começou
Segundo o Evangelho de São Mateus (26,14-25), Judas, um dos doze apóstolos, procura os sumos sacerdotes e oferece entregar Jesus em troca de trinta moedas de prata – valor irrisório, equivalente ao preço de um escravo na época. Esse ato não apenas inicia o processo que levará à crucificação, mas também simboliza a ruptura da confiança entre Mestre e discípulo.
“Que me dareis se vos entregar Jesus?” (Mt 26,15)
A pergunta de Judas ecoa como um golpe na história da salvação. Ele não apenas vende o Salvador, mas o faz com um beijo – gesto que deveria representar amor e lealdade, mas que se torna sinal de falsidade.
O Anúncio da Traição na Última Ceia
Enquanto Judas negocia sua traição, Jesus já sabe o que está por vir. Durante a Última Ceia, Ele revela:
“Em verdade vos digo: um de vós me trairá.” (Mt 26,21)
Os discípulos ficam perturbados, cada um perguntando: “Senhor, serei eu?” Mas quando Judas questiona, Jesus responde de forma direta e solene:
“Tu o dizes.” (Mt 26,25)
Essas palavras confirmam que, apesar do livre arbítrio de Judas, o plano divino segue adiante. A traição não surpreende Deus, mas seu peso moral permanece.
Por que a Quarta-feira Santa é um Dia de Luto?
A Igreja chama este dia de “o primeiro dia de luto” porque é quando se inicia oficialmente o sofrimento de Cristo. A partir daqui:
- Judas abandona a ceia para cumprir seu acordo (Jo 13,30).
- Jesus se dirige ao Jardim do Getsêmani, onde vive angústia mortal (Mt 26,36-46).
- O Sinédrio já tem o caminho aberto para prender e condenar Jesus.
É um dia de silêncio e reflexão, onde a Igreja se prepara para os momentos mais intensos da Paixão: a Quinta-feira da Ceia, a Sexta-feira da Cruz e o Sábado de Luto.
Judas: Um Alerta Contra a Traição
A figura de Judas gera debates há séculos. Alguns o veem como um instrumento necessário para o cumprimento das profecias; outros, como um aviso contra a ganância e a deslealdade. Sua história nos lembra que:
✔ O pecado começa pequeno (a cobiça pelas moedas) e cresce até a destruição.
✔ O arrependimento sem fé é vazio – Judas se enforca, enquanto Pedro, que também negou Jesus, se arrepende e é perdoado.
✔ Ninguém está imune à tentação – até um apóstolo escolhido caiu.