
O peixe que chega às feiras e mercados de Belém do Pará percorre um longo caminho, muitas vezes invisível aos olhos do consumidor. Após ser pescado, é transportado por embarcações pequenas até aportar na capital paraense. É no complexo do Ver-o-Peso que o pescado é vendido aos consumidores que dão o destino final ao alimento que é marca da culinária regional.
No Ver-o-Peso, em média, 38 espécies de pescado podem ser encontradas diariamente. De acordo com o peixeiro Fernando Souza, que trabalha há 47 anos no mercado, o peixe comercializado na capital vem de todas as regiões do estado, como Baixo Amazonas, Tocantins, Marajó e região do salgado, de municípios como Vigia, Salinópolis, Curuçá, entre outros.
“Normalmente, o filhote que vende aqui vem de Mosqueiro ou então vem do Marajó, assim como a pescada branca. Mas, quando está no período, vem do Baixo Amazonas a dourada, o filhote. Já a pescada amarela vem da região do salgado”, disse.
Entre as espécies de pescado, a dourada é comercializada entre R$25 a R$30, dependendo do tamanho. Segundo Fernando, que trabalha no box 08-Beiramar Pescados, o preço dos peixes sofre um reajuste no período chuvoso do ano. Já no segundo semestre, o regime das marés contribui para a captura do alimento, que chega com abundância às feiras, barateando o custo.
“Nessa época do ano, falta o pescado e consequentemente ele fica mais caro. Durante esse período chuvoso, que vai até o final de maio, início de junho, esse pescado se mantém nesse patamar. Depois vem a abundância, então é muito pescado e o preço despenca até final de novembro. O preço do pescado que você vê hoje a R$35, você chega aqui no mercado e encontra a R$20”, explica.
Dourada, pescada, filhote, piramutaba, corvina são algumas das espécies de peixe vendidas no box 32, do peixeiro Sérgio Reis. Com 45 anos de experiência com pescado, ele aponta que o alimento que comercializa é proveniente da Ilha do Marajó, de municípios como Soure, Salvaterra e Joanes, região banhada tanto por água doce quanto salgada. Entre os pescados regionais, que são bastante procurados pelos belenenses, a dourada é uma das espécies mais apreciadas, sendo vendida, em média, a R$25, o quilo. A piramutaba é o peixe mais barato, comercializado a R$8; enquanto a pescada amarela é a mais cara, a R$ 40.
“Esses peixes chegam nos barcos, a gente chega aqui às duas da manhã, de madrugada, todos os dias. A gente tira o peixe, guarda aqui nos boxes para depois vender pros clientes. Eu sempre vou lá e escolho o que eu quero vender. Essa questão de saber de onde cada peixe vem faz parte do nosso trabalho também, é importante saber até para ver a qualidade”, afirmou o peixeiro, de 58 anos.