REALIDADE SALARIAL

Diferença entre salário de homens e mulheres recua 0,71% no Pará

3º Relatório de Transparência Social pesquisou 1.114 estabelecimentos paraenses. No Brasil, a diferença aumentou 0,18% desde a última sondagem

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Pará - Dados do 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado recentemente pelo Governo Federal, mostram uma redução na diferença salarial entre homens e mulheres no Pará. Desde a última edição, em setembro de 2024, a defasagem caiu 0,71%. Em números atualizados, as mulheres no estado ganham, em média, R$ 2.965,82, enquanto os homens recebem R$ 3.484,35 — uma diferença de 14,88%.

No cenário nacional, no entanto, a disparidade ainda é significativa: 20,87%, com um leve aumento de 0,18% desde o último levantamento. Além da desigualdade de gênero, o relatório destaca as disparidades raciais. No Pará, mulheres negras ganham, em média, R$ 2.769,86, enquanto as não negras recebem R$ 3.894,22 — uma diferença de 28,9%. Em nível nacional, a diferença salarial entre mulheres negras e não negras chega a 38%.

Participação crescente de mulheres negras

Um dado positivo do relatório é o aumento na participação de mulheres negras no mercado de trabalho. Em todo o Brasil, o número passou de 3,2 milhões para 3,8 milhões — um crescimento de 18,2%. Houve também uma redução no número de estabelecimentos com até 10% de mulheres negras, caindo de 21.680 em 2023 para 20.452 em 2024.

Outro avanço registrado foi o aumento de empresas onde a diferença salarial entre homens e mulheres é inferior a 5%.

Estabilidade relativa no rendimento das mulheres

Mesmo com avanços, o percentual da massa salarial total referente às mulheres se manteve relativamente estável, passando de 35,7% em 2015 para 37,4% em 2024. O crescimento na participação feminina no mercado de trabalho, no entanto, é expressivo: o número de mulheres ocupadas subiu de 38,8 milhões para 44,8 milhões no período, enquanto o de homens passou de 53,5 milhões para 59 milhões.

Desigualdade por ocupação

O relatório também revela diferenças significativas de remuneração conforme o tipo de ocupação. Mulheres em cargos de diretoria e gerência recebem, em média, 73,2% do salário dos homens. Já aquelas em profissões de nível superior recebem 68,5%, e nas funções administrativas, 79,8%.

Panorama nacional

As menores desigualdades salariais estão em estados como Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%) e Distrito Federal (9,97%). Por outro lado, os maiores índices de disparidade estão no Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%) e Santa Catarina (27,96%).

Novas ações pela igualdade no trabalho

Durante a apresentação do relatório, o Governo Federal lançou o Guia para Negociação Coletiva da Lei de Igualdade Salarial, com recomendações para combater desigualdades nas negociações trabalhistas. Também foi lançado o Movimento pela Igualdade no Trabalho, com apoio de entidades e empresas de diferentes setores. A iniciativa visa mobilizar a sociedade e o setor produtivo em torno da promoção da equidade de gênero e raça no ambiente profissional.

A publicação faz parte das ações da Lei nº 14.611/2023, que estabelece medidas obrigatórias para empresas com mais de 100 funcionários, como transparência salarial, combate à discriminação, canais de denúncia e programas de inclusão.

Plano Nacional de Igualdade Salarial

O governo também instituiu, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União em 8 de abril, o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens. O plano, com validade até 2027, será coordenado por um comitê gestor envolvendo onze ministérios e prevê ações voltadas à valorização das mulheres no mercado de trabalho e ao enfrentamento das desigualdades estruturais no ambiente profissional.