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Presidente da CBF usa milhões para bancar luxo de presidentes de federações

Ednaldo Rodrigues gastou cerca de R$ 3,5 milhões com custos de viagens de presidentes de federações estaduais, amigos e suas famílias.

Presidente da CBF usa milhões para bancar luxo de presidentes de federações Presidente da CBF usa milhões para bancar luxo de presidentes de federações Presidente da CBF usa milhões para bancar luxo de presidentes de federações Presidente da CBF usa milhões para bancar luxo de presidentes de federações
Ednaldo Rodrigues gastou cerca de R$ 3,5 milhões com custos de viagens de presidentes de federações estaduais, amigos e suas famílias.
Ednaldo Rodrigues gastou cerca de R$ 3,5 milhões com custos de viagens de presidentes de federações estaduais, amigos e suas famílias. Créditos: Rafael Ribeiro/CBF

À frente da CBF desde 2021 – primeiro como interino, depois efetivado, e reeleito para uma segunda gestão até 2028 no mês passado -, Ednaldo Rodrigues gastou cerca de R$ 3,5 milhões com custos de viagens de presidentes de federações estaduais, amigos e suas famílias. As despesas na sua gestão foram reveladas em reportagem da revista Piauí de abril.

Segundo a revista, cerca de R$ 3 milhões foram gastos entre passagens aéreas nas classes econômicas e executivas, hospedagem em hotéis cinco estrelas em Doha e ingressos dos jogos da seleção brasileira durante a Copa do Mundo de 2022, no Catar, para convidados de Ednaldo. Os beneficiados, segundo a revista, foram a própria família do presidente (só a mulher dele gastou R$ 37 mil em despesas extras na viagem); personalidades, integrantes do judiciário, políticos, jornalistas amigos de Ednaldo e empresários, além dos presidentes de diversas federações, todos acompanhados de suas famílias.

As despesas, segundo a reportagem, eram cobertas pela CBF para estreitar a relação com as federações. O presidente da Federação do Espírito Santo, Gustavo Vieira, aproveitou um compromisso da CBF para levar a mulher e o filho para passear no Rio. O presidente da Federação Amapaense de Futebol, Renato Góes, fez duas viagens a São Paulo com a família, que totalizaram pouco mais de R$ 137 mil reais aos cofres da CBF. Uma delas foi para a esposa do dirigente fazer uma cirurgia em um hospital da capital paulista, e eles foram acompanhados pela filha e pela babá da menina em quartos em hotéis de luxo no Jardins, bairro nobre da capital.

Outra maneira de reforçar o laço com as federações foi através de um aumento de salário. De acordo com a Piauí, até 2021 os presidentes ganhavam R$ 50 mil, e atualmente a cifra já está em R$ 215 mil. Os benefícios incluem, além do 13º, o 14º, o 15º e o 16º salário.

Na reportagem, Ednaldo respondeu a revista sobre os convidados à Copa do Mundo de 2022. “É praxe que entidades esportivas façam convites a pessoas relevantes e personalidades para acompanhar grandes eventos”, afirmou. Sobre os episódios em que a matéria apontou que a CBF bancou despesas de presidentes de federação, ele relatou que “as despesas dos familiares dessas pessoas [presidentes de federações] são por elas pessoalmente bancadas”.

Reembolso e Controvérsias na CBF

O presidente também afirmou que reembolsou a CBF por suas despesas pessoais, mas a revista aponta que ele não apresentou os comprovantes do reembolso. Já reportagem do Uol publicada hoje fiz que teve acesso aos comprovantes de reembolso. Ao GLOBO, a assessoria da CBF reafirmou que as despesas pessoais de Ednaldo foram reembolsadas, e se colocou à disposição para mostrar a documentação, sem autorização para publicá-las, já que, segundo Ednaldo, são despesas de natureza pessoal já devidamente pagas à entidade.

(AG)

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.