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A Casa Azul de Marabá: O Legado da Tortura na Ditadura Militar

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou a publicação "Lugares de Memória da Ditadura Militar".

A Casa Azul de Marabá: O Legado da Tortura na Ditadura Militar A Casa Azul de Marabá: O Legado da Tortura na Ditadura Militar A Casa Azul de Marabá: O Legado da Tortura na Ditadura Militar A Casa Azul de Marabá: O Legado da Tortura na Ditadura Militar
Utilizada como centro clandestino de tortura e morte, na época da ditadura militar, a Casa Azul foi o destino de muitos guerrilheiros que atuaram no Araguaia e também de camponeses
Utilizada como centro clandestino de tortura e morte, na época da ditadura militar, a Casa Azul foi o destino de muitos guerrilheiros que atuaram no Araguaia e também de camponeses

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou a publicação “Lugares de Memória da Ditadura Militar”, que documenta e reúne espaços marcados pela repressão e resistência durante o período da ditadura no Brasil. Essa ação faz parte da nova seção “Memória e Verdade” do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), plataforma do MDHC que compila indicadores e informações sobre os direitos humanos no país.

Até o momento, a publicação mapeou 49 locais históricos da ditadura militar em várias regiões do Brasil, destacando sua importância para a preservação da memória e da democracia. A pesquisa revela uma distribuição geográfica abrangente desses espaços: 17 no Sudeste, 15 no Nordeste, 7 no Sul, 6 no Norte e 4 no Centro-Oeste. Entre os estados, São Paulo lidera com o maior número de locais mapeados (7), seguido por Pernambuco (6) e Rio de Janeiro (5).

Os espaços identificados incluem quartéis, cemitérios, prisões, hospitais, parques e universidades, além de outros locais associados à repressão política e à resistência. Esse levantamento faz parte do projeto “Lugares pela Memória”, promovido pela Assessoria de Defesa da Democracia, Memória e Verdade (ADMV), por meio da sua coordenação-geral de Políticas de Memória e Verdade.

Lugares de memória da ditadura
Entre os locais documentados, destaca-se o Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) em São Paulo, que foi um dos principais centros de repressão do regime militar. O prédio, localizado no centro da cidade, abrigou um dos principais órgãos encarregados de perseguir opositores. Milhares de presos políticos passaram por esse local, sendo submetidos a torturas e interrogatórios. Atualmente, o espaço é conhecido como Memorial da Resistência, aberto à visitação, com exposições e atividades educativas sobre a ditadura.

Na região Sudeste, é importante também a Casa da Morte, em Petrópolis (RJ). O imóvel ficou famoso por ser um centro clandestino de detenção e tortura durante o regime militar. Cedido ao Exército, foi utilizado para sequestrar e assassinar opositores políticos. A sobrevivente Inês Etienne Romeu teve um papel crucial para o reconhecimento do local e sua importância histórica. Desde 2024, o MDHC mantém um convênio com a Prefeitura de Petrópolis para transformar o imóvel em um memorial dedicado à memória e à valorização da democracia.

Em Pernambuco, um outro local emblemático é a antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), no Recife, que foi um dos maiores centros de repressão no Nordeste, onde ocorreram torturas e interrogatórios de opositores do regime, incluindo estudantes e militantes políticos.

Na região Sul, destaca-se o Rio Paraná, em Foz do Iguaçu (PR), identificado como um cenário de desaparecimentos forçados e de traslados clandestinos de presos, incluindo no contexto da Operação Condor, uma ação repressiva conjunta entre as ditaduras da América do Sul.

No Centro-Oeste, entre os locais mapeados, estão o Pelotão de Investigações Criminais (PIC) em Brasília (DF), onde presos políticos foram torturados e interrogados, e o Hospital Colônia Adauto Botelho em Goiânia (GO), usado para internar opositores sob falsas justificativas psiquiátricas.

No Norte, a Casa Azul, em Marabá (PA), funcionou como centro de detenção e tortura para militantes do movimento camponês e da Guerrilha do Araguaia. Em Tocantins e Amazonas, bases militares e delegacias também serviram para repressão e perseguição política.

Acesse o mapa no ObservaDH

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.