ECONOMIA

Alta nos preços dos ingredientes impacta venda de comida

Pessoas que trabalham com venda de alimentação no Ver-o-Peso falam sobre como fazem para evitar prejuízos.

Alta nos preços dos ingredientes impacta venda de comida Alta nos preços dos ingredientes impacta venda de comida Alta nos preços dos ingredientes impacta venda de comida Alta nos preços dos ingredientes impacta venda de comida
A autônoma Anny Gomes também viu os custos dispararem
Foto: Celso Rodrigues
A autônoma Anny Gomes também viu os custos dispararem Foto: Celso Rodrigues

Muitos visitantes procuram o mercado do Ver-o-Peso em busca de um bom peixe frito e outros pratos. Mas para quem trabalha ali todos os dias, preparando os pratos que fazem a fama do mercado, a realidade é outra: a inflação tem tornado cada vez mais difícil manter o negócio sem pesar no bolso da clientela. Ingredientes como peixe, carne, arroz, feijão e até o açaí registraram aumentos nos últimos meses, e quem vende refeições tenta equilibrar a conta sem perder fregueses.

Patrícia Lobato, 52 anos, há cinco no ramo e proprietária do box 207, conta que o aumento dos preços tem sido generalizado e, em alguns casos, chega a inviabilizar a compra de certos produtos em grande quantidade.

“Tudo subiu: peixe, carne, açaí. A dourada, por exemplo, que antes eu comprava por R$15 o quilo, agora não sai por menos de R$20 o quilo. A piramutaba também ficou mais cara, e as carnes, como cupim, carne de porco e frango, seguem a mesma tendência. O quilo da dourada quase triplicou”, relata.

Como forma de equilibrar para ter lucro, a refeição unitária passou de R$15 para R$20. “E o que a gente fez foi diminuir a quantidade dos pratos, porque senão era prejuízo na certa”.

Lene Lobo, 49 anos e há 17 no Ver-o-Peso, também sente o impacto. “O arroz e o feijão subiram bastante, além do frango e do cupim. Todo dia gasto cerca de R$300 em ingredientes, enquanto antes gastava no máximo R$250”, diz.

Até a procura pela combinação de açaí e outros alimentos diminuiu, porque “está tudo caro, e nem todo dia abastecemos porque pesa para o cliente e o produto empata. O jeito foi diminuir a compra mesmo”. Para economizar um pouco, Lene faz as compras dos alimentos não perecíveis no bairro onde mora, na Cidade Velha.

A autônoma Anny Gomes, 34, também viu os custos dispararem. Nos espaços, os pratos saem na margem de R$15 a R$20, mas Anny teve que fazer um aumento brusco. “O óleo está caro, o peixe, tudo aumentou, principalmente desde novembro. A carne paulista, que custava R$27, agora está R$38. O cupim subiu de R$23 para R$32. Isso pesa demais no nosso bolso”, diz.

“Antes, um prato saía por R$25, agora tem que ser R$30 para compensar. Mesmo assim, não cobre tudo. Hoje, gasto cerca de R$1.500 por semana para manter meu box funcionando”, acrescenta. Para elas, o menor custo é com verduras e hortaliças, mas as proteínas são ranqueadas como as principais vilãs no aumento dos preços.