PESQUISA

69 milhões de brasileiros possuem compras parceladas

O parcelamento de compras é um hábito consolidado no Brasil, mas pode se tornar um risco financeiro para os consumidores que não gerenciam bem seus gastos.

O parcelamento de compras é um hábito consolidado no Brasil, mas pode se tornar um risco financeiro para os consumidores que não gerenciam bem seus gastos. Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, cerca de 69 milhões de brasileiros possuíam contas parceladas em janeiro de 2025.

O levantamento apontou que 42% dos entrevistados tinham prestações em aberto referentes a compras feitas por cartão de crédito, crediário, cheque pré-datado ou cartão de loja. Em média, os consumidores possuíam 4,6 parcelas pendentes no período analisado, uma redução de uma prestação em relação a 2023.

Cartão de crédito segue como principal meio de parcelamento

Nos últimos 12 meses, os principais meios de crédito utilizados pelos consumidores foram o cartão de crédito (74%), o PIX parcelado (25%) e o empréstimo pessoal (23%). A pesquisa revelou ainda que o financiamento de bens caiu 5 pontos percentuais em comparação ao ano anterior, chegando a 9%.

Entre os consumidores que parcelam suas compras, 69% preferem o cartão de crédito, seguido pelo PIX parcelado (10%), crediário (5%) e cartão de loja (5%).

O levantamento também mostrou que 80% dos entrevistados planejavam realizar novas compras parceladas nos meses seguintes, especialmente para adquirir eletrônicos (20%), roupas, calçados e acessórios (19%), eletrodomésticos (18%), remédios (14%) e itens de supermercado (14%).

Endividamento preocupa e consumo a prazo é evitado por parte dos consumidores

Apesar da alta adesão ao parcelamento, 57% dos entrevistados disseram ter evitado compras a crédito nos três meses anteriores à pesquisa, sendo que os principais meios de pagamento evitados foram cartão de crédito parcelado (26%), financiamento (17%), crediário (16%) e cartão de crédito à vista (16%).

Entre os que evitaram compras a prazo, 47% afirmaram já ter muitos compromissos financeiros, 44% temem se desorganizar e 21% estão inadimplentes.

Falta de controle financeiro e compras por impulso agravam cenário

A pesquisa revelou que 52% dos consumidores não fazem nenhum tipo de controle do pagamento de suas prestações. Entre os que monitoram os gastos, 22% utilizam caderno ou papel, 15% registram em planilhas digitais e 11% usam aplicativos de celular.

Outro alerta do estudo foi a alta taxa de compras por impulso. Cerca de 65% dos entrevistados admitiram ter comprado itens não planejados no mês anterior à pesquisa, principalmente devido à facilidade de crédito. Os setores mais impactados por esse comportamento foram vestuário (23%), supermercado (19%), perfumes e cosméticos (17%) e remédios (13%).

As lojas online e aplicativos foram apontados por 46% dos entrevistados como os maiores incentivadores do consumo impulsivo. Além disso, 85% afirmaram já ter sido abordados por bancos ou lojas oferecendo cartões de crédito, e 37% aceitaram a oferta.

Especialistas alertam para os riscos do endividamento excessivo

Para José César da Costa, presidente da CNDL, o crédito é um importante aliado do consumidor, mas deve ser utilizado com cautela. “A inadimplência no país ainda é alta e traz consequências negativas tanto para as famílias quanto para a economia. É essencial que os consumidores planejem suas compras e negociem taxas e juros antes de contratar um crédito”, destaca.

A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, reforça que o planejamento financeiro é essencial para evitar o endividamento descontrolado. “Existem diversas ferramentas gratuitas, como aplicativos e planilhas, que podem auxiliar no controle das finanças. O ideal é sempre avaliar a real necessidade da compra e entender os impactos no orçamento”, aconselha.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa foi realizada com internautas maiores de 18 anos residentes em capitais brasileiras. A coleta de dados ocorreu entre 2 e 10 de janeiro de 2025, com uma amostra de 643 pessoas e margem de erro de 3,86 pontos percentuais para um nível de confiança de 95%.