GERSON NOGUEIRA

Após fracasso, zagueiro do Remo põe a mão na consciência

Na terça-feira, 11, enfrentou o Criciúma no Mangueirão e acabou derrotado.

Com dois gols, um em cada tempo, o visitante se impôs e levou a melhor, conquistando a vaga à terceira fase da Copa do Brasil.
Com dois gols, um em cada tempo, o visitante se impôs e levou a melhor, conquistando a vaga à terceira fase da Copa do Brasil. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Remo passou por muitas mudanças no espaço de uma semana apenas. Na terça-feira, 11, enfrentou o Criciúma no Mangueirão e acabou derrotado por 2 a 1, resultado que levou à eliminação na Copa do Brasil. No dia seguinte, o técnico Rodrigo Santana foi demitido e o clube contratou Daniel Paulista para o seu lugar.

A causa da mudança de comando foi a eliminação dupla sofrida pelo time, na Copa Verde e na Copa do Brasil. O desgaste de Rodrigo junto à torcida pressionou a diretoria a fazer a troca, mas, apesar da constatação de que não havia mais clima para permanência, ficou o questionamento quanto ao papel dos jogadores no processo.

É claro que a responsabilidade maior cabe ao técnico, mas é justo reconhecer que o elenco também tem parte nos fracassos iniciais da temporada. O alto investimento no futebol, que tem hoje uma folha salarial em torno de R$ 1,5 milhão, gera uma óbvia cobrança por desempenho.

Os resultados negativos nas duas Copas expõem a necessidade de uma completa reordenação de objetivos e métodos no Evandro Almeida. No sábado, o zagueiro Rafael Castro, um dos líderes do elenco, fez um interessante e incomum mea-culpa sobre a responsabilidade dos jogadores.

Com a autoridade de quem atuou em nove das 11 partidas do Remo em 2025, Rafael começou dizendo que é fundamental “colocar a mão na consciência” e aproveitar a folga forçada – pela paralisação do Campeonato Paraense – para treinar bastante e buscar a recuperação para garantir uma boa campanha na Série B.

Atento ao perfil do novo técnico, Rafael sabe que Daniel Paulista prefere o sistema 4-2-3-1, mais tradicional, ao contrário de Rodrigo Santana, que utilizava preferencialmente o 3-4-3, com variações. Como titular da zaga, ele sabe bem o que significa jogar numa linha de três ou de quatro atletas.

Muito além do esquema tático, o zagueiro entende que os jogadores precisam encarar o momento de mudança com uma nova postura. Assumir os erros cometidos é o primeiro passo para evitar a repetição. Não mencionou as falhas individuais que causaram a derrota para o Criciúma, mas certamente fazia referência a isso.

A franqueza de Rafael foge das frases feitas e superficiais que os boleiros normalmente repetem em entrevistas. Acima de tudo, ele mostra o interesse em dar uma satisfação à torcida depois das frustrações causadas. Foi o primeiro a fazer isso entre os jogadores.

À espera do reinício do Parazão e da estreia na Série B, os treinos devem se intensificar a partir de agora, com a chegada de Daniel Paulista. O novo treinador já acompanhou a movimentação de ontem, no Mangueirão, antes mesmo de ser oficialmente apresentado à torcida.

Papão fecha contratação de mais dois volantes

Ao contrário do que se especulava, o PSC não contratou ninguém para sanar a carência criativa no meio-de-campo. Optou por mais dois volantes, sendo que já conta com pelo menos seis jogadores para a função. Os reforços, noticiados no sábado (15), são Dudu Vieira e André Lima.  

O clube ainda não oficializou, mas André Lima despediu-se do Confiança e da torcida após a vitória por 3 a 0 sobre o Falcon, pelo Campeonato Sergipano. O presidente do clube, Pedro Dantas, confirmou a oferta do PSC pelo atleta de 24 anos.

Jogador promissor, André Lima tem 24 anos e chegou ao Confiança no ano passado. Disputou 42 partidas, com oito gols marcados. Capitão, destacou-se pelo bom futebol e pela liderança em campo. Era disputado por outros clubes das séries B e C.  

O outro volante é Dudu Vieira, 31 anos, que se desligou do Juventude e deve também se apresentar na Curuzu nos próximos dias. Experiente, com passagens pela Ponte Preta, Vitória, Santo André, Chapecoense e Criciúma, Dudu chegou ao clube gaúcho no ano passado e disputou 5 jogos. Nesta temporada, não chegou a participar de nenhuma partida.

Força dos donos da CBF barra pretensões de Ronaldo

Quem acompanha o futebol brasileiro há mais tempo sabe que o poder político é partilhado por dois grupos poderosos, liderados pelos ex-presidentes Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, que mandam nos destinos da CBF. Apesar de ambos permanecerem afastados e mudos, a influência que possuem decide tudo na entidade.

Ronaldo Fenômeno resolveu desafiar essa estrutura, revelando há dois meses a pretensão de se candidatar à presidência da CBF contra o atual ocupante do cargo, Ednaldo Ferreira. Depois de bater sem sucesso na porta das federações estaduais e dos principais clubes, desistiu da empreitada na semana passada.  

Ele foi obstado pela cláusula de barreira, que exige que um candidato tenha o apoio de no mínimo quatro federações e de quatro clubes, para se registrar. Mandou um e-mail, solicitando audiência e listando as mudanças que pretendia implantar para mudar um futebol “mal gerido, com falta de transparência e uma gestão centralizada”.

Para surpresa de quase ninguém, nem dele, Ronaldo não foi recebido em audiência por nenhum dirigente. Temerosos de uma guerra aberta com Ednaldo Rodrigues e seus aliados, federações e clubes revelaram comprometimento com a atual gestão.

Ronaldo, é claro, não saiu perdendo. Qualquer discussão sobre os rumos do futebol brasileiro vai sempre incluir, a partir de agora, um adendo importante: a mudança foi buscada por ele, mas o sistema não permitiu.