ATAQUE

Antes de negociar com Trump, Ucrânia faz maior ataque da guerra

O presidente americano já disse que a reunião desta terça é vital para entender o futuro do conflito.

Descubra tudo sobre o encontro tenso entre Zelenski e Trump em Washington e a troca de acusações sobre a Guerra da Ucrânia.
Presidente dos EUA também disse que quer se encontrar com Vladimir Putin, líder da Rússia, para discutir fim do conflito

Horas antes de começar a negociar com os Estados Unidos um caminho para o fim da Guerra da Ucrânia, forças de Kiev lançaram o maior ataque com drones contra a Rússia desde que Vladimir Putin invadiu o vizinho, há pouco mais de três anos.

Segundo o Ministério da Defesa russo, foram interceptados nesta terça (11) 337 aparelhos, 91 deles sobre a região de Moscou, onde ao menos 3 pessoas morreram e 18 ficaram feridas. Os quatro aeroportos da capital passaram a noite fechados, assim como os de Iaroslav (norte) e Níjni-Novgorod (leste).

Antes, a maior ação com drones havia ocorrido em setembro do ano passado, com 158 lançamentos contra território russo. O ataque mais duro de Putin com aviões-robôs ocorreu em fevereiro, com 267 drones.

Pouco depois das últimas interceptações, às 12h (6h em Brasília), a delegação ucraniana sentava-se à mesa com a americana em Jeddah. Apesar de o presidente Volodimir Zelenski estar na cidade, onde encontrou-se com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, ele não participa das conversas.

Elas são lideradas do lado ucraniano pelo seu chefe de gabinete, Andrii Iermak, enquanto o secretário de Estado, Marco Rubio, chefia o time dos EUA.

O duro ataque visa passar uma mensagem de força em um momento de pressão militar e política extrema sobre a Ucrânia, com Kiev talvez acreditando que o governo Donald Trump só entenda a linguagem da força, em particular ao mirar Moscou de forma prioritária. Parece arriscado.

Quando foi à Casa Branca, na sexta retrasada, Zelenski falou grosso sobre o alinhamento de Trump com Putin acerca dos motivos da guerra e, em troca, recebeu uma descompostura pública inédita para um presidente.

A crise já vinha cozinhando desde o dia 12 de fevereiro, quando o americano ligou para o russo e começou um processo de negociação bilateral sem Kiev ou a Europa. Houve vaivéns e Rubio chegou com palavras relativamente suaves à Arábia Saudita, que havia sido palco do primeiro encontro com os russos, há duas semanas.

Mas ele repetiu o que Trump vinha dizendo, por sua vez repetindo Putin: era preciso saber se Zelenski quer a paz. O ucraniano mostra que está disposto a lutar, mesmo que só com o apoio dos europeus, para não receber um prato feito pelos russos e americanos.

O presidente americano já disse que a reunião desta terça é vital para entender o futuro do conflito, e no fim de semana justificou um mega-ataque com mísseis balísticos russos após os EUA suspenderem o compartilhamento de inteligência e a ajuda militar a Kiev.

Nesta manhã, o porta-voz Dmitri Peskov afirmou que os EUA irão informar o Kremlin sobre o resultado do encontro. Está também prevista uma visita do enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, a Putin na semana que vem.

Ele disse que as defesas aéreas foram eficazes nesta terça. Segundo analistas russos, o total de drones pode ter chegado a 500, dada a admissão de 337 por Moscou. Seu impacto é psicológico, não militar, e a chancelaria de Putin o classificou de “loucura”.

O ataque matou três pessoas em distritos 30 km a sul do Kremlin. Houve danos generalizados em casas e estabelecimentos comerciais, e o tráfego de trens vindos do sul do país foi suspenso devido a danos à estação de Domodedovo (45 km ao sul de Moscou), e os aeroportos reabriram a partir das 9h (3h em Brasília).

A região mais atingida na ação foi Kursk (sul), onde a Rússia anunciou mais avanços nesta terça. Lá, 10 mil soldados que participaram da invasão ucraniana em agosto passado correm o risco de serem envelopados pelas forças de Putin, ameaçando deixar Zelenski seu uma carta importante de negociação.

Em Kursk, foram 126 drones lançados. Houve mais ataques ao sul do país: 38 drones sobre Briansk, 25 sobre Belgorodo, 22 sobre Riazan, 10 sobre Kaluga, 8 em Lipetsk, 8 em Oriol e 6 em Voronej, além dos 3 sobre Níjni-Novgorod, que fica a leste.

Imagens de edifícios em chamas perto de Moscou povoaram o noticiário russo durante a manhã. A Rússia diz que eles foram atingidos por destroços dos drones abatidos, mas algumas imagens sugerem impactos diretos. Em relação a vítimas, antes desta terça apenas uma pessoa havia morrido por ataque ucraniano na região da capital.

O centro moscovita, mais bem defendido por camadas de baterias antiaéreas, seguiu sua rotina nesta manhã. Mas ao menos dois populares canais de Telegram com assuntos da cidade divulgaram instruções para se proteger em caso de ataques maiores, algo raro.

Na Duma, Câmara baixa do Parlamento russo, deputados pediram retaliação imediata com o míssil balístico Orechnik (aveleira), que foi desenhado para emprego em guerras nucleares e testado apenas uma vez no conflito, em novembro,