ARTE E INCLUSÃO

Bloco das Crias do Curro Velho ganha as ruas do Umarizal e do Telégrafo

Com o tema “Belém, capital da COP30 na Amazônia, mistérios, encantos e tradições”, desfile reúne mais de 600 participantes

Com o tema “Belém, capital da COP30 na Amazônia, mistérios, encantos e tradições”, desfile reúne mais de 600 participantes
Com o tema “Belém, capital da COP30 na Amazônia, mistérios, encantos e tradições”, desfile reúne mais de 600 participantes

O Bloco das Crias do Curro Velho tomou as ruas dos bairros do Umarizal e Telégrafo, em Belém, na manhã do último sábado (8), celebrando a 34ª edição de um dos eventos mais emblemáticos da quadra carnavalesca da cidade. Com o tema “Belém, capital da COP30 na Amazônia: mistérios, encantos e tradições”, o desfile reuniu mais de 600 participantes, entre crianças, adolescentes, familiares, técnicos e servidores da Fundação Cultural do Pará (FCP). O evento se destacou pela alegria, criatividade e forte compromisso com a inclusão social. A concentração ocorreu na Praça Brasil, de onde o grupo seguiu em cortejo até a sede do Curro Velho, no bairro do Telégrafo.

Alessandra Souza, mãe do pequeno Ian, uma das crianças que brilharam no desfile, compartilhou sua trajetória com o núcleo. “Sou cria do Curro Velho desde criança, e hoje meus filhos também são. Para nós, é uma segunda casa. Lutamos para que esse espaço nunca se acabe, porque ele transforma vidas. Meus filhos amam participar, e vejo o quanto isso é importante para o crescimento deles. O Curro Velho não é só um lugar de arte, é um lugar de acolhimento, de sonhos e de futuro. Hoje, é a paixão deles, é a segunda casa deles”, afirmou, destacando o impacto da instituição para diversas gerações de famílias paraenses.

Jorge Cunha, coordenador de iniciação artística do Curro Velho, comemorou o sucesso do desfile. “Foi lindo. O tempo colaborou, a escola estava bonita na avenida, colorida, com todos se divertindo. Em média, tivemos 600 participantes, entre crianças, adolescentes e familiares”, contou. Ele reforçou o papel da instituição como um espaço de oportunidades. “O Curro Velho é um lugar onde as pessoas podem experimentar diferentes linguagens artísticas e descobrir suas vocações. Muitos que passaram por aqui hoje são instrutores ou profissionais do mercado cultural”, destacou.

Baile de carnaval, no Curro Velho, com show do Eloi Iglesias.
Baile de carnaval, no Curro Velho, com show do Eloi Iglesias.

O aderecista Cláudio Taiko falou sobre o desafio de transformar materiais descartados em arte. “Ver essa transformação da matéria-prima em obra final é emocionante. Para nós, artistas, o ápice é transformar algo que seria lixo em um espetáculo visual e auditivo”, disse. Taiko, que ingressou na fundação aos 10 anos, destacou o impacto do Curro Velho na construção de identidades. “Vim da periferia de Belém, onde havia muita violência e falta de oportunidades. O Curro Velho me deu novos horizontes, não só na arte, mas como cidadão. Hoje, vejo outras crianças passando pela mesma transformação”, relatou, emocionado.

Paulinho Assunção, diretor do núcleo, ressaltou a importância do Carnaval das Crias como um momento de envolvimento comunitário e transformação por meio da arte. “Além das centenas de crianças e jovens que desenvolvem esse belo trabalho, também contamos com a participação de crianças com deficiência, como autismo, paralisia cerebral, síndrome de Down, baixa visão e cadeirantes. A ferramenta da FCP é a arte: música, teatro, dança, fotografia, cinema, moda, literatura e desenho. Essas linguagens permitem transformar nossa visão de mundo”, afirmou.

O tema deste ano foi trabalhado com materiais reciclados, criando uma estética única e sustentável. “É uma estética fora dos padrões carnavalescos tradicionais. Tudo é feito com reaproveitamento de madeira, papelão, guarda-chuvas e galhos de árvores. É bonito, é belo”, destacou o diretor.