EMPREGOS

Brasil contrata mais de 70 mil estrangeiros em 2024, aponta FecomercioSP

A grande maioria da mão de obra estrangeira é composta por latino-americanos, especialmente venezuelanos e haitianos.

Brasil contrata mais de 70 mil estrangeiros em 2024, aponta FecomercioSP Brasil contrata mais de 70 mil estrangeiros em 2024, aponta FecomercioSP Brasil contrata mais de 70 mil estrangeiros em 2024, aponta FecomercioSP Brasil contrata mais de 70 mil estrangeiros em 2024, aponta FecomercioSP

A grande maioria da mão de obra estrangeira é composta por latino-americanos, especialmente venezuelanos e haitianos. As indústrias de São Paulo e Santa Catarina são as que mais contratam.

O mercado de trabalho brasileiro vive um momento positivo, com uma taxa de desemprego recorde de apenas 6,6%, segundo o IBGE. Esse cenário reflete em diversos aspectos, como o aumento da massa salarial e da renda média da população. Agora, também é possível observar o impacto desse crescimento em países da região.

Um estudo realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base nos dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revela que, apenas em 2024, cerca de 71 mil vagas com carteira assinada foram preenchidas por estrangeiros. Esse é o maior volume registrado em um único ano desde a mudança na metodologia do Caged, em 2020.

Esse número representa um aumento de 50% em relação a 2023, quando pouco mais de 47,3 mil vagas foram ocupadas por trabalhadores estrangeiros. Como era de se esperar, a maioria desses profissionais é originária de países latino-americanos, principalmente Venezuela e Haiti.

Em 2023, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), 44% da mão de obra estrangeira no mercado formal de trabalho do Brasil era composta por venezuelanos, superando até mesmo o segundo país da lista, o Haiti, com 44,7 mil postos. Essa tendência se manteve em 2024, impulsionada pelos setores econômicos que mais contratam esses trabalhadores. A lista segue com paraguaios, argentinos, cubanos, bolivianos e peruanos.

Segundo a FecomercioSP, o fato de dois terços (60%) dessa mão de obra ser composta por pessoas de países em crise, como Venezuela e Haiti, demonstra como o Brasil pode desenvolver políticas públicas voltadas para a absorção desses migrantes. A boa escolaridade desses profissionais, aliada ao fato de serem jovens e buscarem melhores condições de vida no país, são fatores que contribuem para essa dinâmica.

Além disso, a contratação desses trabalhadores gera um impacto social relevante, proporcionando renda, acesso ao sistema de crédito e proteção institucional, já que o regime celetista garante uma série de benefícios ao trabalhador. Se a tendência de crescimento desse fenômeno continuar, impulsionada por fatores que vão desde a política internacional até o desempenho econômico brasileiro, ele pode ser utilizado para impulsionar a produção do país e expandir os setores que mais demandam mão de obra.

De acordo com o levantamento da FecomercioSP com base no Novo Caged de 2024, dois setores se destacam na contratação de estrangeiros: a indústria, com 92,8 mil trabalhadores celetistas (um terço de todos os vínculos), e o comércio, com ênfase em reparação automotiva, com 65,7 mil postos [tabela 1].

Os dados da RAIS e do Novo Caged também permitem traçar um perfil claro desses trabalhadores: são homens jovens adultos (entre 30 e 39 anos), com ensino médio completo, atuando principalmente em São Paulo (62,7 mil vínculos), Santa Catarina (60,7 mil) e Paraná (48,7 mil). Vale destacar que, no ano passado, o mercado catarinense foi o que mais se expandiu para esse público, gerando 18,9 mil novas vagas.

Considerando que pode haver uma desaceleração no desempenho do mercado de trabalho brasileiro em 2025, espera-se que o ritmo de absorção dessa mão de obra também diminua, mas ela continuará sendo relevante. A FecomercioSP seguirá atenta a esse cenário, buscando alternativas que melhorem o ambiente de negócios no país.