As quatro escolas que darão a largada nos desfiles do grupo especial, neste domingo, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, são Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Viradouro e Mangueira.
A Unidos de Padre Miguel, com início de desfile previsto para as 22h, traz o enredo “Egbé Iyá Nassô”. Os carnavalescos são Alexandre Louzada e Lucas Milato
Atual campeã da Série Ouro, a Unidos de Padre Miguel (UPM) abre os desfiles na Sapucaí. A Boi Vermelho da Zona Oeste vai contar a história de protagonismo de Francisca da Silva, a Iyá Nassô, fundadora do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, em Salvador, no século XIX. Sua liderança feminina é reconhecida por ter trazido o “modelo de candomblé” para o Brasil, como explica o carnavalesco Lucas Milato, que assina o desfile com Alexandre Louzada.
Conhecida pela opulência de suas apresentações, a escola promete vir com um abre-alas “extremamente imponente, exagerado e luxuoso”, define Milato. Também haverá uma mescla do luxo, em referências ao catolicismo – o candomblé nasce no entorno da Igreja da Barroquinha, na Bahia -, com a rusticidade africana. Um boi feito por escultores de Parintins, articulado e lançando jatos de CO2, é uma das atrações.
A Imperatriz Leopoldinense deve desfilar entre 23h30 e 23h40. Traz o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”. O carnavalesco é Leandro Vieira.
Uma alegoria com cinco mil litros de água vai ajudar a contar o enredo da Imperatriz Leopoldinense, um mergulho no mito que narra a visita de Oxalá ao reino de Oyó, governado por Xangô. Nessa jornada, após descumprir os conselhos de um babalaô para desistir da viagem e de fazer oferendas a Exu, Oxalá enfrenta uma série de obstáculos, que resultam na prisão do orixá.
– Este mito é a origem da cerimônia das águas de Oxalá, que é praticada em inúmeros candomblés – justifica o carnavalesco Leandro Vieira, sem dar detalhes de como será o carro nem o que vai acontecer na Avenida durante sua passagem.
O carnavalesco promete ainda um desfile com muito branco, a cor de Oxalá. A escola será a segunda a entrar na Sapucaí. Segundo Leandro, esse enredo é a oportunidade de a escola celebrar a religiosidade afro-brasileira.
A Viradouro deve desfilar entre 0h50 e 1h10. Traz o enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos”. O
caarnavalesco é Tarcísio Zanon.
Em busca do quarto título, a atual campeã Viradouro aposta no enredo em homenagem a Malunguinho, entidade afro-indígena que se manifesta na mata, na jurema e na encruzilhada, e que, em vida, como João Batista, foi uma liderança no Quilombo do Catucá, em Pernambuco.
A escola promete provocar o “delírio”, numa referência ao estado de transe que se pode chegar após tomar a jurema (a bebida). Por isso, as esculturas foram estudadas para passar a sensação de movimento, em conceito que Tarcísio define como “cinestaticidade”. A mistura de cores também é pensada para provocar certa alucinação.
A transparência é outra aposta da escola, em referência aos cristais, usados em altares de jurema. Além de materiais orgânicos como sementes e cascalhos, ressecados e pintados, fantasias e alegorias também contarão com 500 brinquedos, que serão doados após o carnaval. Setenta juremeiros pernambucanos fecharão o desfile.
A Mangueira deve desfilar entre 2h e 2h20. Traz o enredo “À Flor da Terra, no Rio da Negritude entre Dores e Paixões”. O carnavalesco é Sidnei França.
A Mangueira fecha a primeira noite de desfiles. O mote da apresentação será mostrar a presença do povo banto – tronco étnico-linguístico que teve escravizados trazidos ao Brasil, de regiões hoje onde estão Angola, Congo, República Democrática do Congo e Moçambique. No Rio, sua influência marca presença na identidade da cidade, nos hábitos do dia a dia, na culinária e até mesmo na língua, com palavras como xodó, chamego, jiló, fubá e macumba.
O desfile, assinado pelo carnavalesco paulista Sidnei França, que faz sua estreia no carnaval carioca, tem o carro 3, do Zungu, representando a sociabilidade carioca. Montada com materiais comprados no Mercadão de Madureira, a alegoria terá sobre ela convidados como Leci Brandão; a sacerdotisa do Candomblé Banto Mameto Mabeji; e a rainha do Congo, Diambi Kabatusuila, além de baluartes. O menino José William de Paula, de 12 anos, representará o “cria” do enredo, retratado em uma alegoria.
(AG)