
A coluna de Carnaval é só alegria com as comemorações dos 40 anos de Axé Music. O ritmo é tão democrático que consegue reunir em sua aba uma profusão de vertentes musicais, que vão do samba reggae ao pagodão baiano, além de fomentar o turismo e o debate sociocultural como o respeito às religiões de matriz africana.
E já que a vocação deste Diário de Bordo é o turismo, qual fã de Carnaval nunca sonhou em passar a folia em Salvador, onde neste período milhares de visitantes colorem as ruas da capital baiana com fantasias e abadás?
São turistas que curtem o som que teve início com Luiz Caldas, um músico de enorme contribuição para a MPB e que já fez parcerias até com o nosso Pinduca. No Spotify você encontra um álbum em parceria da dupla com a junção da música paraense e baiana. Ideia que só mesmo dois gigantes da boa música poderiam promover.
Bagagem cultural
Como fã do movimento Axé, o colunista conheceu ao longo de mais de duas décadas de Carnaval em Salvador a riqueza dessa cultura musical. Axé que conta a própria história do Brasil com a chegada dos africanos nos navios negreiros e das críticas sociais em suas letras.
“Na Bahia existe Etiópia/Pro Nordeste o país vira as costas e lá vou eu…Declaro a nação/ Pelourinho contra a prostituição/ Faz protesto, manifestação/ E lá vou eu”.
Em nome do Axé, um debate recente questiona se Claudia Leitte foi ou não preconceituosa ao trocar na letra de uma música o nome do orixá Iemanjá por Yeshua (Jesus). A cantora chegou a ser vaiada na abertura oficial do Carnaval de Salvador na última quinta-feira por pessoas que pediam “respeite o Axé!”.
Até mesmo a origem do nome Axé Music já nasceu com polêmicas. Foi o termo que um crítico musical encontrou para debochar da explosão do ritmo que surgia na efervescente década de 80. Deboche que virou termo oficial e se reinventa até hoje.
Quem vier a Salvador não pode deixar de conhecer um pouco mais sobre esse ritmo que tantas vezes já foi declarado como morto, por ter perdido espaço para o sertanejo, funk e afins, mas que segue bem vivo do alto de suas quatro décadas. Aproveite para conhecer locais como a Cidade da Música, um museu que conta toda a história desse ritmo tão democrático.
Planeje sua visita a Salvador. “Você vai compreender que o baiano é um povo a mais de mil” e ainda voltará com a mala cheia de bagagem cultural que só o quarentão Axé Music pode proporcionar. Feliz Carnaval!
Fale com o colunista: [email protected] / Instagram: @luizoctav