
A saída prematura do técnico Márcio Fernandes do Paysandu pegou boa parte da torcida de surpresa, inclusive o treinador. Em entrevista ao radialista Giuseppe Tommaso, da Rádio Clube do Pará, que será exibida na íntegra nesta terça-feira (11) no canal Tomazão TV no YouTube, Fernandes deu detalhes sobre os bastidores de sua saída e contestou os argumentos apresentados pela diretoria do clube bicolor.
De acordo com Fernandes, o principal motivo alegado pelo executivo Felipe Albuquerque para sua demissão foi a falta de evolução da equipe nos primeiros jogos do ano, especialmente após a derrota para o Santa Rosa e o empate com o Bragantino, ambos pelo Campeonato Paraense (Parazão), além da classificação apertada contra o modesto Porto Velho-RR, na Copa Verde. No entanto, o treinador discordou da avaliação e destacou desempenhos positivos, como a conquista da Supercopa Grão-Pará e a vitória de virada sobre a Tuna Luso, mesmo com um jogador a menos.
“Tirando o primeiro jogo, em que a equipe performou bem e conseguimos o título (da Supercopa Grão-Pará), que foi contra a Tuna, no restante ele (Felipe Albuquerque) achou que a equipe não teve uma performance muito boa”, afirmou Márcio Fernandes.
Gramado
Além dos resultados, o treinador citou as más condições dos gramados da Curuzu e de outros estádios paraenses como um dos fatores que prejudicaram o rendimento técnico do time. “O único jogo em que a gente jogou com condições legais para os nossos jogadores, que são jogadores técnicos, renderem foi o primeiro jogo (final da Supercopa Grão-Pará, no Mangueirão). Então, tudo que ele (Felipe Albuquerque) falou não condiz com o que foi apresentado. Nos outros jogos, a performance não foi tão boa assim porque também o campo não deu as condições”, argumentou.
Montagem do elenco
Outro ponto levantado por Fernandes foi a falta de autonomia na montagem do elenco. Ele alegou que teve pouca influência nas contratações e que a diretoria não seguiu suas indicações. “E eu falei pra ele: ‘Veja bem, o único jogador que eu indiquei aqui e vocês contrataram foi o Marlon. Eu indiquei um outro, que foi o Aldo, mas aí não houve um acerto. Fora isso, nenhum outro jogador foi uma indicação minha’.”
Falta de tempo e incoerência
Por fim, Márcio Fernandes criticou a falta de tempo para consolidar seu trabalho e a inconsistência da decisão da diretoria. “Então, 45 dias é muito pouco pra você receber o grupo que está chegando, fazer esses jogadores entenderem o sistema que a gente queria e colocar em prática. Agora que chegou um zagueiro, um volante, você está me mandando embora. Então, foi muita incoerência essas coisas colocadas (pelo executivo do Paysandu)”, desabafou.
A troca no comando técnico evidencia a pressão por resultados imediatos no Paysandu, que busca uma temporada vitoriosa na Série B do Campeonato Brasileiro. Agora, Luizinho Lopes assume a missão de dar continuidade ao projeto bicolor, enquanto Márcio Fernandes deixa o clube questionando se teve, de fato, tempo e condições adequadas para desenvolver seu trabalho.