Frequentadoras assíduas, as garças adotaram e adornam a Praça Batista Campos, que em 2005 ganhou o prêmio de praça mais Bonita do Brasil e, na próxima sexta-feira (14), completa 221 anos. O espaço homenageia o mentor intelectual do movimento da Cabanagem: João Batista Gonçalves Campos. O espaço é responsável por marcar memórias de qualquer fase da vida de moradores da cidade.
Sobre a história e evolução da Praça Batista Campos, no século XIX, o historiador Márcio Neco, conta que o espaço era um terreno particular conhecido como Largo da Salvaterra, em função do nome da proprietária Maria Manoela de Figueira e Salvaterra. Na época era um simples terreno de grande extensão com algumas mangueiras e um canteiro central. Foi em 1897, durante o governo de Antônio Lemos, que a praça passou a homenagear um dos principais personagens da Cabanagem.
Márcio Neco comenta que a praça possui um estilo eclético, pensado na época da Belle Époque, expressão francesa que significa bela época. “Porém, tem também uma linha clássica romântica. O clássico pode ser visto nos caminhos retos que se cruzam, nos passeios e a questão romântica pode ser vista nos lagos, nos coretos”, diz.
Ainda de acordo com o historiador, em 1904, foi realizada uma inauguração oficial, mas ainda sem os coretos. “O Coreto Central só vai ser inaugurado já no final do ano, os chamados pavilhões harmônicos já vão ser produzidos na Alemanha e trazer para cá esse embelezamento. A proposta dessa praça é seguir os modelos europeus de um grande jardim para que as pessoas pudessem passear”, comenta Márcio Neco.
Segundo ele, o Pavilhão Harmônico 1º de Dezembro, foi uma homenagem à coroação de Dom Pedro I como Imperador do Brasil. A estrutura ressalta sua destinação para exibição de apresentações musicais, com escada com seis degraus, que dá acesso à parte interna do monumento, composto de gradis circundantes decorados e pavimento em mosaico. O castelinho e as pedras também foram compradas como atrativo e para o embelezamento do espaço. Em 1983, a praça Batista Campos foi tombada pelo município.
MOVIMENTO
A partir da construção desse embelezamento, a Praça Batista Campos passa a movimentar a vida social e a própria identidade do bairro, que passa a ser chamado Batista Campos. Márcio Neco pontua que ao longo desses anos, o local testemunhou inúmeras mudanças na cidade, e já serviu como o primeiro local das partidas de futebol de Belém, assim como nos córregos, onde os visitantes passeavam de canoinhas.
Hoje, várias atividades ainda giram em torno do espaço, como caminhadas ao ar livre, passeios em família, atividades culturais e outros empreendimentos que garantem a renda das famílias. “Então ela [Praça Batista Campos] tem sido uma testemunha de toda essa mudança, de todo esse processo de desenvolvimento urbano e cultural da cidade de Belém”, reforça.
Vindo de Recife, a praça marca a nova vida do vendedor de água de coco Brenno Carvalho, de 23 anos, que chegou em Belém há um ano. O jovem conheceu a atual esposa, moradora da cidade, em uma sala de jogos online, se apaixonou e resolveu morar na capital paraense para ficar com ela. Os dois moram no bairro da Condor.
“Então comecei a trabalhar aqui, o quiosque é da minha sogra, mas ela já tem uma certa idade e a família ajuda no trabalho. Chego às 7h40 e só saio daqui às 20h. O ambiente é bem eclético, atendemos todos os tipos de pessoas, de clientes. Tiramos nosso sustento das vendas aqui. Ainda estou me adaptando ao clima”, destaca.
O clima romântico da Praça Batista Campos também marca o início do namoro do casal de estudantes de farmácia Jhonata Pinto Gomes, 23 anos, e Adriele Miranda, de 24 anos. Juntos há 2 meses, Adriele comenta que a paisagem, a arborização e o clima ameno torna tudo mais aconchegante. “A gente se encontrava aqui, estagiamos bem próximo, saio às 13h e ele às 14h, aí fico esperando por ele. Então é um local que marca o relacionamento, é simbólico”, disse a estudante.