HISTÓRIA

Cartão de Crédito celebra 75 anos entre praticidades e armadilhas

Pagamento facilitado impulsionou compras globalmente, mas agora é uma grande causa de endividamento no Brasil.

Cartão de Crédito celebra 75 anos entre praticidades e armadilhas

Há 75 anos, um novo meio de pagamento mudou a perspectiva econômica mundial e impactou o consumo das famílias em todo o mundo. O surgimento do cartão de crédito possibilitou maior volatilidade nas finanças pessoais e um lastro mais sólido para as operações financeiras a prazo.

A ideia do cartão de crédito surgiu em 1950, nos Estados Unidos. Frank McNamara e Ralph Schneider criaram o Diners Club International para ser usado em uma rede de restaurantes parceiros. A novidade foi tão bem aceita que logo se expandiu para outros setores, e, a partir de então, diversas “bandeiras” entraram no mercado.

No Brasil, o cartão de crédito chegou em 1968, com o lançamento do Elo, pelo Bradesco. No entanto, o boom desse meio de pagamento na economia nacional ocorreu apenas nos anos 1990, após o surgimento do Plano Real. Com a estabilidade gerada pela nova moeda e o fim da hiperinflação, as bandeiras passaram a oferecer novos serviços, o que aumentou a lucratividade do setor.

DÍVIDAS

Apesar da praticidade, o cartão também trouxe desafios para as famílias. Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo apontou que o uso excessivo do crédito é uma das principais causas do endividamento familiar no Brasil. A mesma pesquisa revelou que, no ano passado, 77% dos lares brasileiros encerraram o período endividados.

“O grande problema do uso do cartão é que as pessoas confundem limite com renda. Se uma pessoa tem R$ 2.000 de limite no cartão, ela tende a achar que esse valor é dela, quando, na verdade, trata-se de um crédito disponível. Esse é o principal erro”, explica o mestre em Economia e consultor Valfredo de Farias.

Na opinião do economista, planejar os gastos e definir prioridades de consumo ajudam a prevenir o endividamento. “A principal dica é ter um controle financeiro. Muita gente não consegue manter esse controle, às vezes por desconhecimento, mas, em muitos casos, por preguiça de anotar o que gasta. Falta conhecimento e disciplina. Se a pessoa registra todos os gastos no cartão – seja em um caderno, uma planilha ou um aplicativo – consegue entender para onde está indo o dinheiro e quanto virá na fatura do mês seguinte”, afirma.

Outro alerta é para o parcelamento exagerado das compras. O ideal é pagar a fatura integralmente no vencimento para evitar o rotativo e os juros elevados. “O grande problema de parcelar a fatura é que, no mês seguinte, vêm as compras novas e as parcelas da anterior. A partir do momento em que a pessoa não paga o total da fatura, o ideal seria evitar novas compras para não aumentar ainda mais a dívida”, aconselha Farias.

O aumento do custo de vida e o comprometimento da renda com despesas básicas têm levado muitas pessoas a recorrerem ao crédito. O economista destaca que o ideal é não ter muitos cartões, pois os bancos costumam oferecer limites superiores à renda mensal, o que pode levar a um endividamento impagável. “O ideal é ter poucos cartões – de preferência um, no máximo dois – e com limites baixos. Se soubermos usar o cartão corretamente, ele se torna um aliado, pois oferece um crédito de até 30 dias sem juros. Mas, como eu sempre digo, isso deve ser feito para compras planejadas e necessárias, não para comprometer a renda”, finaliza Farias.


LINHA DO TEMPO

CARTÃO DE CRÉDITO

1950

l Já nos anos 20 alguns estabelecimentos davam créditos a alguns clientes, mas foi no início dos anos 50 que de fato foi criado o cartão de crédito. Não era como conhecemos hoje, mas, na prática, a ideia era a mesma aos que usamos nos dias atuais. Tudo começou quando um grupo de amigos do empresário Frank MacNamara se reuniu para jantar e, ao pedirem a conta, verificaram que estavam sem talão de cheques e dinheiro em espécie. Para não ficarem sem pagar, MacNamara assinou a conta de despesas com a garantia de que iria pagar outro dia. A partir dessa ideia, o empresário criou, juntamente com o advogado dele, Ralph Schneider, o Diners Club Card.

l Inicialmente, o Diners Club Card era aceito em apenas 27 restaurantes com uma clientela de 200 executivos. De um lado estava grafado o nome do cliente e no outro, os estabelecimentos em que era aceito. A sua confecção era de papel-cartão, sendo adotado o plástico em 1955. Antes, porém, em 1952, foi criado o primeiro cartão de crédito internacional, que era aceito em restaurantes e hotéis.

l Dois anos mais tarde, em 1954, o cartão de crédito chegou ao Brasil. O empresário theco, Hanus Tauber, abriu uma filial do Diners Club Card no Brasil em sociedade com o empresário Horácio Klabin. Inicialmente, funcionava como um cartão de compra e não crédito. Os cartões de crédito dos bancos passaram a circular nos EUA em 1951 por meio do Franklin National Bank, que creditava na conta das empresas o valor dos comprovantes de pagamento assinados pelo cliente, e debitava do cliente o valor da compra acrescido de juros e taxas.

l Percebendo o sucesso da empreitada, em 1958 foi a vez de o American Express lançar o seu cartão.

1960

l Com o sucesso do modelo do cartão de crédito, o Diners Club expande sua franquia para diversos países como Hong-Kong, Japão, malásia e Nova Zelândia. Foi nesse ano que estabelecimento de países como Bolívia, Equador e Tailândia passaram a aceitar esse formato de pagamento. No total, já eram mais de 50 países em todos os continentes. Em 1966, o BankAmerican Service Corporation criou o BankAmericard já sendo aceito em mais de 12 milhões de estabelecimentos. Nessa época formou-se o Interbank Card Association (ICA), que passou a se chamar Master Charge, que originou a bandeira MasterCard.

l Em 1968 chegou ao Brasil o primeiro cartão de crédito pertencente a um banco. Era o ELO e pertencia ao Bradesco.

1970

l Conforme os anos se passavam, as empresas de cartões de crédito evoluíram. Em 1975, a Diners lançou o “Corporate Card”, que se tratava do primeiro cartão de crédito corporativo do mundo. Enquanto isso, no Brasil, antes, em 1971, foi fundado no Rio de Janeiro a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Créditos e Serviços – ABECS. Em 1974, essa instituição mudou-se para São Paulo.

l Ainda nos anos 70, chegaram ao Brasil os cartões de crédito “private label”, que são cartões emitidos por uma loja específica. São diferentes dos demais cartões por terem aceitação em apenas uma cadeia de lojas. As primeiras empresas brasileiras a adotarem esse modelo foram a Mappin e a Mesbla.

l A partir de 1977 cada banco passou a emitir seu próprio cartão. Foi nesse período que surgiram os cartões com tarja magnética, o que facilitou o uso para os consumidores. Nesse mesmo ano o Bankamericard passou a se chamar Visa.

1980

l No ano de 1983 foi lançado o cartão de débito. Nesse mesmo ano a Credicard uniu-se a Visa International convertendo 540 mil cartões em Credicard Visa. Em 1984 a Credicard comprou a Diners Club alterando a bandeira em 87, associando-se exclusivamente à Mastercard International, em que 95% dos 800 mil cartões credicard passarem a ter a nova bandeira.

l Em 1989 foi lançado o Cartão Instantâneo do Pagamento de Benefício do INSS.

1990

l Em 1994, com a criação do Plano Real, houve grande crescimento dos cartões de crédito. Em 1995 foi lançado o Cartão Co-Branded – Cartões de marcas compartilhadas de empresas, com fins lucrativos que proporcionam, além dos tradicionais serviços, muitos benefícios específicos como desconto na compra de produtos.

l Uma das ultimas invenções da Credicard foi a criação do cartão Credicard Yahoo! e o Credicard One, cartão pré pago para adolescentes. Com esse lançamento, a Credicard abre novas portas para esse mercado, que tem se mostrado o maior número de adeptos.

Fonte: https://www.museudo cartao.com.br/linha_tempo.php