Um caminho de fé, oração, emoção e conhecimento sobre turismo religioso paraense é o que propõe a “Rota Turística da Fé”, operada pela Rocha Brasil Turismo. A rota começa a partir de Belém, com saída da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, em transporte turístico confortável e em grupo reduzido de pessoas. Durante três dias, os turistas viajarão pelos municípios paraenses de Vigia de Nazaré, Castanhal e Bragança a conhecerem de perto igrejas católicas, museus, pontos turísticos, a gastronomia do local e, claro, a cultura de cada localidade visitada.
No último dia 31 de janeiro, um grupo de turistas fez a viagem inaugural da “Rota Turística da Fé”. Saindo de Belém pela Rodovia BR 316 e, depois, pela PA 144, o grupo chegou na cidade de Vigia de Nazaré, após 1 hora e 40 minutos de viagem. Lá, a primeira visita foi na Capela do Senhor dos Passos (mais conhecida como Igreja de Pedras), construída na primeira metade do século XVIII. Em seguida, a visita deu-se no Santuário Diocesano Madre de Deus – Igreja Matriz de Vigia, construída no século XVIII, no estilo Barroco Jesuítico – que é uma criação da arte religiosa dos séculos XVII e XVIII, no Brasil.
Após a visita às igrejas, os turistas se dirigiram ao Museu “Barão de Guajará”, também conhecido como Museu da Cidade de Vigia. No museu, sob as explicações do diretor, o grupo conheceu a história da cidade, que é dividida em três fases: Período Colonial; Período Imperial; e Período Republicano.
O prédio do museu foi remodelado a fim de proporcionar acessibilidade. O local é um atrativo à parte na rota, pois a sua fachada ostenta azulejos portugueses, os quais remetem aos museus de Portugal. Ainda, há espaço para instalações artísticas, auditório, jardim e um charmoso café. Os turistas também conheceram algumas obras de artistas locais, bem como puderam adquirir lembranças na loja de souvenirs. O diretor do museu, Wilker Oliveira, informou que o espaço funciona de segunda-feira a sábado, das 9h às 12h e das 15h às 19h.
Continuando o roteiro, a próxima parada foi no aprazível restaurante “Toca do Tatu”, às margens do Rio Guajará-Mirim, para um almoço com diversos pratos típicos, com destaque para as comidinhas de entrada e a caldeirada de gurijuba (peixe da região), acompanhado pelo chefe de gabinete da prefeitura e presidente da Comissão COP 30 na Vigia, Alcides Guimarães, que, na oportunidade, fez um convite aos turistas. “Venham conhecer Vigia de Nazaré! Estamos fortificando cada vez mais o turismo religioso, para proporcionar experiências incríveis. No dia 5 de agosto próximo, teremos a ‘Festividade de Nossa Senhora das Neves’, e no segundo domingo de setembro, teremos o primeiro Círio do Estado do Pará: o tradicional Círio de Nazaré, festa religiosa tradicional, com mais de 400 anos de amor e fé”.
Castanhal
Deixando Vigia de Nazaré, a viagem prosseguiu até a cidade de Castanhal, onde o próximo destino do roteiro era a Catedral de Santa Maria Mãe de Deus. De estrutura externa e interna contemporânea, a igreja chama atenção pela beleza e que emociona os fiéis ao contemplarem grandes e lindos mosaicos e vitrais. Após as suas orações, os turistas seguiram para um anexo da igreja, onde funcionam as instalações do Ateliê AMACOM (Ateliê de Mosaicos da Amazônia e Comunhão). Esse ateliê produz mosaicos para igrejas e catedrais de todo Brasil; a exemplo, é de sua autoria o mosaico localizado na ala norte da Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo. No ateliê, os jovens e talentosos artistas explicam a todos os visitantes, de forma prazerosa, todo o processo de produção das obras de artes em mosaicos, utilizando pedras oriundas de várias partes do mundo: Itália, China, Israel, Índia, Brasil, e outros países.
A pedra brasileira mais rara, utilizada na construção dos mosaicos, é a pedra “Azul Bahia”, encontrada na Bahia. “A vivência na igreja me trouxe para o ateliê. Nesta arte há muita espiritualidade. A arte só tem sentido se for feita com fé!”, conta a artista Maria Eduarda Oliveira. Ela revela que os integrantes do ateliê têm uma vida ativa na igreja; iniciam o dia de trabalho com orações e reflexões.
O maestro dos jovens artistas, Erasmo de Abreu, conta que no ateliê os jovens aprendem sobre teologia, os traços da arte bizantina, dentre outros ensinamentos. Ele revela também que as produções feitas para as igrejas de Marapanim e de Capanema são destaques na produção deles. “Para conhecer nosso trabalho é só chegar. Ou então, envie email para [email protected] e fazer o agendamento de sua visita”, destaca.
Bragança oferece um rico patrimônio material e imaterial
Depois de Castanhal, os participantes da “Rota Turística da Fé” seguiram com destino a Bragança, na região nordeste do Pará. A viagem durou 2 horas e 30 minutos. Ao chegar à cidade, o grupo foi direto conhecer a bela orla, com os seus hotéis, restaurantes e quiosques.
No segundo dia, as visitas turísticas ocorreram no Instituto Santa Terezinha, na Catedral Nossa Senhora do Rosário, no Museu de Arte Sacra “Nossa Senhora do Rosário” e no Santuário Diocesano de São Benedito. Não foi possível acessar o Mirante de São Benedito por causa do mau tempo. Mas… Atenção! Neste ponto turístico, o visitante terá que escalar uma subida de 131 degraus até o monumento. Deve estar bastante descansado! O terceiro e último dia da rota foi de experimentações da gastronomia local e de comprar a famosa farinha de Bragança.
A turista Genilda Carvalho conta que ficou encantada com tudo que viu ao longo da “Rota Turística da Fé”. “Aqui, em Bragança, vi coisas que jamais imaginei encontrar. O Instituto de Santa Terezinha me chamou muita atenção no memorial de Dom Eliseu. Fazia mais de 40 anos que não vinha a Bragança”. Já para a turista Claudete Loureiro, a rota foi incrível. “Fique impressionada com o Museu de Arte Sacra ‘Nossa Senhora do Rosário’, onde foi explicado sobre a marujada. Conhecemos um pouco de tudo que tem para ser visto em Bragança”, frisou.
De posse de uma grande bagagem cultural, sobre as histórias da fé dos bragantinos, o grupo seguiu para a Praia de Ajuruteua, distante cerca de 38 km do centro de Bragança, para um almoço típico e banho de mar. “A Rota Turística da Fé envolve o turismo religioso, mas também tem o turismo sol e praia, turismo cultural e turismo gastronômico. Temos de tudo, além disso, construímos amizades com os participantes da viagem”, explica Edna Rocha, agente de viagens da Rocha Brasil Turismo.
A secretária de turismo de Bragança, Mel Oliveira, ressaltou a importância do turismo para a cidade. “Bragança é uma cidade que respira turismo, cultura, gastronomia – afinal temos a melhor farinha do mundo. No calendário de eventos para o turismo religioso, temos o Círio de Nazaré, que acontece no segundo domingo de novembro e é considerado o terceiro maior Círio de Nazaré do Pará; e, ainda, a grande festa da Marujada, que ocorre em dezembro”, destacou.
A Marujada de Bragança é um patrimônio cultural do Brasil, reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De origem portuguesa, a festa faz homenagem a São Benedito – o padroeiro dos escravos. A programação cultural da Marujada envolve as seguintes manifestações: Missas; Novenas; Ladainhas; Procissões; Cavalhada; e Apresentações da Marujada.
Isa Arnour/Especial para o Diário