Por Sérgio Augusto do Nascimento
Uma das principais características do povo português é orgulhar-se de seus feitos históricos e literários. Não é à toa que duas das maiores glórias em língua portuguesa nasceram aqui: Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa.
Há muitos outros nomes que engrandecem a literatura lusitana, como Almeida Garrett, Antero de Quental, Florbela Espanca, Mário de Sá Carneiro e Camilo Castelo Branco.
Todos eles são nomes de ruas ou tem estátuas em várias cidades aqui.
Camilo Castelo Branco é um capítulo à parte.
Nasceu em Lisboa e morreu em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga e sua vida foi tão cheia de aventuras e amores quanto suas obras.
Uma delas, “Amor de Perdição”, é tão emblemática que tem estátua e um largo em sua homenagem no centro da cidade do Porto, além de outras estátuas no próprio Porto, em Lisboa e Famalicão, e ainda uma Casa-Museu nesta ultima cidade.
Nas ruas do Porto, o lisboeta Castelo Branco, cujo nascimento completa 200 anos no próximo dia 16 de março, e que já começa a ser celebrado em várias atividades culturais, é dos nomes mais cultuados.
Na freguesia do Bonfim, o busto e a avenida que levam seu nome destacam-se na bela paisagem ornada por árvores, flores e casarões antigos. O ar grave em que foi esculpido seu rosto contrasta com as cores ao redor.
Não muito longe dali, na Rua de Santa Catarina (a “mana gêmea” da belenense João Alfredo), um olhar bem apurado vai identificar uma das casas onde ele morou com Ana Plácido, uma de suas muitas paixões.
O prédio não está muito bem conservado mas ostenta uma placa que confirma ali a estadia do casal.
Pela cidade, é fácil de encontrar várias referências ao escritor, como a casa onde funcionava a Cadeia da Relação, onde ele esteve detido.
Mas é a uma distância de 1,5 quilômetro da Rua de Santa Catarina que paira uma homenagem que certamente despertaria fortes sentimentos naquele coração sempre em ebulição emotiva: o Largo da Perdição, em frente ao Jardim da Cordoaria.
Ali está a escultura “Amores de Camilo”. A obra, das mais originais, representa o escritor abraçado a uma mulher, que está nua. Há alguns anos, houve polêmica envolvendo a peça e até mesmo a solicitação para a retirada da homenagem dali.
Entretanto, a escultura permanece lá e o espaço, às proximidades da Torre dos Clérigos, fortalece a memória de Camilo Castelo Branco, que está sepultado no Porto, como uma das grandes expressões da literatura portuguesa.
*Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.