COP 30

Iniciativa da UFPA quer valorizar ciência e vozes amazônicas

O evento promoveu debates, exposições científicas e o detalhamento do plano de ações previstas para 2025.

Plateia foi composta por pesquisadores e povos indígenas e tradicionais da Amazônia

FOTO: CELSO RODRIGUES
Plateia foi composta por pesquisadores e povos indígenas e tradicionais da Amazônia FOTO: CELSO RODRIGUES

A Universidade Federal do Pará (UFPA) lançou o movimento “Ciências e Vozes da Amazônia na COP 30”, ontem (05), no auditório Benedito Nunes, campus Guamá. O evento promoveu debates, exposições científicas e o detalhamento do plano de ações previstas para 2025. Estiveram presentes autoridades locais e nacionais de diversas regiões do Brasil e do mundo para discutir a presença da ciência amazônica durante o evento internacional.

A iniciativa da universidade visa consolidar, sistematizar e expandir o conhecimento científico já desenvolvido e implementado através da universidade como forma de propor debates e soluções globais e locais relacionadas ao clima. A ideia também envolve o diálogo com diferentes grupos e movimentos sociais e instituições amazônicas, entre eles lideranças indígenas e quilombolas, sindicatos e representantes da sociedade civil e organizada especialistas sobre mudanças climáticas.

De acordo com o reitor da Universidade Federal do Pará, Gilmar Pereira Silva, a organização do movimento está alinhada à relevância em considerar o conhecimento científico desenvolvido pelas universidades amazônicas, inclusive a UFPA, reconhecida como a maior produtora de conhecimento científico da Pan-Amazônia. Através do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), Núcleo de Meio Ambiente (Numa), além de Instituto de Geociência (IG) e demais iniciativas não governamentais, a instituição deve contribuir para a construção de uma “COP diferenciada”.

“O objetivo é iniciar esse debate na academia juntamente com os movimentos sociais, com os governos, além das demais universidades da Amazônia para pensar a COP em uma perspectiva que nós imaginamos diferenciada. A gente entende que a COP deve combinar esse legado material, que é importante, mas também levar em conta o legado espiritual, com a perspectiva de conhecimento, de leitura da realidade, de apropriação dos saberes dos trabalhadores da Amazônia, do Brasil e do mundo, porque a COP é planetária”, disse Gilmar Pereira, reitor da UFPA.

Segundo o secretário de Educação Superior do Ministério da Saúde (Sesu/MEC), Alexandre Brasil, as experiências, pesquisas, atividades de ensino e extensão das universidades amazônicas é central para o sucesso do evento. Em uma tendência contínua com o Governo Federal, as universidades também propõem o diálogo entre os saberes populares tradicionais com relação aos conhecimentos sobre as mudanças climáticas.

“As universidades federais amazônicas representam um profundo conhecimento e conexão com a realidade da Amazônia. É preciso lembrar que o Governo Federal, por meio das universidades federais, têm a presença de muito diálogo com lideranças comunitárias, com os saberes tradicionais, e toda uma reflexão científica em diálogo com o mundo inteiro da relevância da discussão sobre a centralidade de pensar o clima, as relações sociais e como superar os desafios que hoje enfrentamos nesse assunto”, afirmou o representante do MEC.

UFPA NA COP

A Universidade Federal do Pará será uma das instituições mundiais que estarão presentes na zona de negociação (Blue Zone) como entidade observadora durante a COP 30, em Belém, um espaço restrito aos membros do corpo diplomático dos países. A presença da universidade no evento internacional é um passo pioneiro, já que nenhuma outra instituição de ensino superior da região amazônica terá acesso. Por isso, a federal tem buscado se juntar a demais universidades do Pará e da Amazônia brasileira para organizar o conhecimento sobre as realidades amazônicas.

“É uma possibilidade de levar e fazer ecoar as vozes da ciência e dos saberes. É por isso também que nós estamos estruturando esse grande evento de hoje, porque a Universidade busca liderar esse movimento para que as vozes a serem levadas para esse ambiente restrito da ONU sejam plurais. Isso inclui todas as universidades interessadas em se engajar no movimento. A ideia é que nós sejamos um conjunto que dê conta de todo esse conhecimento, de todas as especificidades das várias regiões amazônicas”, concluiu a representante da Pró-Reitoria de Relações Internacionais da UFPA, professora Lise Vieira.