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Lula afirma que vai taxar produtos dos EUA se tarifaço de Trump se estender ao Brasil

Lula afirma que o Brasil vai taxar os produtos dos EUA em resposta ao tarifaço de Trump. Princípio da reciprocidade em ação.

Lula afirma que o Brasil vai taxar os produtos dos EUA em resposta ao tarifaço de Trump. Princípio da reciprocidade em ação.
Lula afirma que o Brasil vai taxar os produtos dos EUA em resposta ao tarifaço de Trump. Princípio da reciprocidade em ação. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que vai taxar os produtos dos Estados Unidos se o tarifaço implementado por Donald Trump se estender ao Brasil. Segundo o brasileiro, a medida segue o princípio da reciprocidade.

– É o mínimo de defesa, o governo merece utilizar a lei da reciprocidade. Você tem na organização mundial do comércio uma permissão para que possa taxar qualquer produto até 35%. Para nós, o que seria importante seria os EUA baixar a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas se ele e qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós iremos taxá-los também. Isso é simples e muito democrático – disse Lula, ao ser questionado sobre o tema em entrevista a rádios mineiras.

Trump cumpriu sua promessa de campanha e determinou um aumento nas tarifas comerciais cobradas sobre Canadá, México e China a partir desta terça-feira. A sobretaxa aos produtos mexicanos e canadenses foi temporariamente suspensa por um mês, após um acordo entre os EUA e os dois países. Trump também prometeu sobretaxar os países da União Europeia e os emergentes dos Brics.

Na última semana, o presidente americano reiterou que os Estados Unidos exigem um compromisso dos cinco países do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – de que não substituirão o dólar nem apoiarão qualquer moeda para substituí-lo, ou enfrentarão “tarifas de 100%”.

“Não há chance de que o BRICS substitua o dólar dos EUA no comércio internacional, ou em qualquer outro lugar, e qualquer país que tentar deve dizer olá para as tarifas e adeus para a América”, escreveu o presidente republicano na rede Truth Social.

Na quinta-feira passada, durante entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, em um eventual aumento das tarifas dos EUA, o Brasil atuará com “reciprocidade”.

Lula também criticou as falas de Trump de que os Estados Unidos irão “assumir o controle” da Faixa de Gaza no processo de reconstrução do enclave, após quase um ano e meio de guerra.

Questionado sobre a declaração em entrevista a emissoras de rádio de Minas Gerais na manhã desta quarta-feira, o petista afirmou que “as pessoas precisam parar de falar aquilo que lhe vem na cabeça e começar a falar aquilo que é razoável”:

— Estamos vivendo um momento que quanto mais coisas irreais você falar, mais você tem destaque na mídia internacional. Não tem sentido o presidente dos Estados Unidos se reunir com o presidente do Israel e falar que vai ocupar Gaza. Os palestinos vão para onde? (…) O que aconteceu em Gaza foi um genocídio e eu sinceramente não sei se os EUA, que fazem parte de tudo isso, seria o país para tentar cuidar de Gaza.

Ao lado do premier israelense, Benjamin Netanyahu, na terça-feira, Trump ainda defendeu que os quase 2 milhões de palestinos que vivem no enclave sejam realocados, de forma permanente, em outros países, avançando em um plano apresentado por ele na semana passada. As declarações podem pôr em risco o cessar-fogo acordado entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que Trump disse “querer assegurar que seja eliminado”.

– Os EUA tomarão conta da Faixa de Gaza e nós também faremos um trabalho ali – disse Trump. – No que diz respeito a Gaza, faremos o que for necessário. Se for necessário [enviar tropas], faremos isso.

Trump não deixou nada claro na anunciada ocupação de Gaza pelos americanos, mas nos poucos detalhes que ele apresentou, disse que os EUA poderiam atuar no desmantelamento de bombas, na demolição de prédios destruídos e “criar um desenvolvimento econômico que forneceria empregos ilimitados e habitação para as pessoas da região”.

Texto de: Karolini Bandeira e Bernardo Lima (AG)