No zodíaco chinês, 2025 é o “Ano da Serpente”, um período associado à sabedoria e à transformação. Mas, além do simbolismo cultural, o que sabemos sobre as serpentes na região amazônica?
Diversidade de serpentes no Brasil
A professora Annelise D’Angiolella, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Capitão-Poço, explica que o Brasil abriga 435 espécies de serpentes, sendo 247 encontradas na região Norte. A Amazônia é especialmente rica em espécies endêmicas, como a Bothrops atrox (jararaca da Amazônia).
Esses animais são muitas vezes lembrados por seu veneno, mas exercem um papel crucial no controle de pragas e na produção de medicamentos. O veneno da Bothrops jararaca, por exemplo, é usado na fabricação de medicamentos como o captopril, essencial para o tratamento da hipertensão e insuficiência cardíaca.
Espécies endêmicas da Amazônia
Um exemplo único da região é a sucuri-malhada (Eunectes deschauenseei), encontrada apenas no leste do Pará e na Guiana Francesa. O endemismo dessas espécies é influenciado por fatores como condições ambientais, história evolutiva e barreiras naturais, como os grandes rios da Amazônia.
Processo de muda
A troca de pele, chamada ecdise, ocorre durante toda a vida das serpentes e é essencial para seu crescimento e renovação. Esse processo acontece com maior frequência em serpentes jovens.
Serpentes peçonhentas e acidentes
As serpentes são peçonhentas, e não venenosas, pois possuem glândulas especializadas e dentes inoculadores de veneno. Das espécies existentes no mundo, apenas 10% têm relevância médica. No Brasil, os principais acidentes ofídicos envolvem:
- Jararacas (responsáveis por cerca de 90% dos casos)
- Cascavéis
- Surucucu-pico-de-jaca
- Corais verdadeiras (com veneno neurotóxico que pode levar à insuficiência respiratória)
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2023 foram registrados 32.595 acidentes com serpentes no Brasil, sendo o Pará o estado com mais ocorrências (5.234 casos e 17 óbitos).
Cuidados e tratamento
Ao avistar uma serpente, mantenha distância e acione órgãos especializados, como o Corpo de Bombeiros e o Batalhão de Polícia Ambiental. Se houver um acidente, procure imediatamente atendimento médico para administração do soro antiofídico.
O que não fazer em caso de picada:
- Não realizar torniquete – isso pode agravar os danos ao tecido.
- Não cortar ou sugar o veneno – essas práticas são ineficazes e perigosas.
- Não usar substâncias caseiras – apenas atendimento hospitalar é seguro.