ECONOMIA

Legumes estão pesando mais no bolso dos paraenses

Paraenses encerraram o ano passado pagando mais caro pelas hortaliças, verduras e legumes na capital paraense, segundo pesquisa do Dieese

A pesquisa também destaca que as famílias com renda de até três salários mínimos são as mais afetadas pelo endividamento e pela inadimplência.
A pesquisa também destaca que as famílias com renda de até três salários mínimos são as mais afetadas pelo endividamento e pela inadimplência. Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Segundo pesquisas realizadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA), os paraenses encerraram o ano passado pagando mais caro pela maioria das hortaliças, verduras e legumes na capital paraense. Em dezembro, em relação ao mês de novembro, os principais aumentos de preços foram registrados no quilo da cenoura, com alta de 3,66%; seguido da abóbora, que aumentou de preço em 3,08%. Em terceiro vem o chuchu, com alta de 2,72%.

As pesquisas mostram ainda que, no ano passado, em mais da metade dos 12 meses, os paraenses pagaram mais caro pelas hortaliças, verduras e legumes comercializados em feiras livres e supermercados de Belém. No balanço comparativo de preços do ano passado (janeiro a dezembro), a maioria dos itens pesquisados teve reajustes bem maiores que a inflação calculada em 4,77% (INPC/IBGE) para o mesmo período. Os maiores reajustes ocorreram no quilo da abóbora que teve alta acumulada de 59,14%; do maço de couve, com alta de 46,78%; e maço de jambu, com alta de 38,73%.

O supervisor técnico do Dieese/PA, Everson Costa, explica que as variações climáticas pesaram fortemente na elevação dos preços das hortaliças, verduras e legumes na capital paraense. “Além disso, a gente sabe que o frete é um outro fator que impacta diretamente esses preços, e não temos uma produção que dê conta da demanda do nosso consumo”.

Ainda de acordo com o supervisor, fatores adicionais, como a entressafra, contribuem para que a elevação de preço ocorra. “O impacto desses aumentos é significativo. A gente está falando não só do impacto financeiro, mas acima de tudo da qualidade da saúde. Afinal de contas, hortaliças e legumes estão no topo da boa alimentação e a gente sabe que hoje o consumo das famílias caminha muito colado à sua capacidade de compra”.

O feirante Matheus Costa, 21, afirma que há cerca de duas semanas os preços de itens, como a batata, já chegaram com preços mais elevados para serem vendidos ao consumidor. “Antes o quilo da batata custava três reais. Hoje está custando quatro reais. É um aumento considerável”, explica. Na barraca do feirante, que fica na travessa Barão do Triunfo, no bairro da Pedreira, também há a opção de preparados, como o “verdurão”, montado com alguns legumes e verduras para preparo de sopas ou cozidos. “Esse também sofreu aumento. Antes eu vendia a sete reais. Atualmente sai a 10 reais”.

Ali perto, na feira provisória da Pedreira, a comerciante Gabrielli Alves, 24, também informa que os preços estão chegando mais caros aos feirantes, o que, consequentemente, faz o valor da mercadoria ser repassado ao consumidor. “Os clientes reclamam quando tem ajuste, mas é o jeito. Os preços já chegam maiores. Por exemplo, a cenoura já veio com aumento de 20% a 30%. O tomate também. Antes vendíamos o quilo a 10 reais, agora sai por 15 reais”, explica.

De acordo com Everson Costa, o primeiro trimestre de 2025 ainda deve trazer novos aumentos, devido a entressafra de boa parte do horti disponível para venda. “Aqui na região Norte a gente tem o chamado inverno amazônico. Então, o tempo do frete se alonga e consequentemente fica mais caro. Isso traz um reflexo no custo de distribuição e na formação do preço final, seja nos mercados, seja nas feiras”.

Para o supervisor técnico, a expectativa de aumentos talvez não ocorra com a mesma força e com o mesmo tamanho dos reajustes do segundo semestre passado, mas ainda devemos ter oscilação de preços mensais que podem ultrapassar 10% de um mês para outro, e um primeiro trimestre acumulado com reajustes entre 20% e 30%. “Percebam que entre variação mensal ou mesmo trimestral ainda devemos ter reajustes que, de fato, não só são maiores do que a inflação que a gente está vivendo, mas também acabam impactando novamente e de forma dura o orçamento e o salário de todos”.

SERVIÇO

 Comparativo de preços médios com as maiores variações em dezembro

1 – Cenoura (quilo). Preço em dezembro: R$ 5,38. Em novembro: R$ 5,19.

Variação: 3,66%

2 – Abóbora (quilo). Preço em dezembro: R$ 6,70. Em novembro: R$ 6,50.

Variação: 3,08%

3 – Chuchu (quilo). Preço em dezembro: R$ 5,66. Em novembro: R$ 5,51.

Variação: 2,72%

 Comparativo de preços médios com as maiores variações em 12 meses

1 – Abóbora (quilo). Preço em dezembro: R$ 6,70. Em janeiro (2024): R$ 4,34.

Variação: 59,14%

2 – Couve (maço). Preço em dezembro: R$ 3,42. Em janeiro (2024): R$ 2,46.

Variação: 46,78%

3 – Jambu (maço). Preço em dezembro: R$ 2,83. Em janeiro (2024): R$ 2,25.

Variação: 38,73%