PRÉ-CARNAVAL

Costureiras se preparam para customizar muitos abadás

Com brilhos, plumas e criatividade a todo vapor, os bastidores do pré-Carnaval já começam a tomar forma em ateliês de Belém.

Concy Reis tem 33 anos de experiência e conta que vive intensamente esse período do ano
Concy Reis – 53, designer de moda. O Carnaval é somente no mês de fevereiro, mas os bloquinhos já começaram o esquenta com o pré-Carnaval, em Belém. E como é tradição, os abadás são o “ingresso” para curtir as festas e muita gente adora customizar essa camisa, para chegar arrasando. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

Com brilhos, plumas e criatividade a todo vapor, os bastidores do pré-Carnaval já começam a tomar forma em ateliês de Belém. Enquanto os foliões entram no clima dos primeiros bloquinhos, as costureiras e estilistas da cidade contam com a expressão criativa, dando vida aos abadás, transformando camisas básicas em verdadeiras obras de arte, prontas para brilhar na avenida, e elas aproveitam a demanda crescente para impulsionar seus negócios, combinando criatividade e dedicação.

Seja um modelo para acrescentar um adereço ou simplesmente uma peça totalmente repaginada, a designer de moda Concy Reis, de 53 anos, com 33 anos de experiência, vive intensamente esse período. No ateliê localizado na avenida João Paulo II, entre as travessas Lomas Valentinas e Doutor Enéas Pinheiro, bairro Marco, o ritmo é frenético. “O Carnaval é um alvoroço e faz parte do meu top 3 momentos de trabalho mais movimentado. Já fico separando materiais como paetês, vidrilhos, miçangas, galões, plumas e cristais”, conta.

“Cada bloco tem sua cor exclusiva, então compramos os materiais específicos assim que os abadás são divulgados. Este ano, o tecido que parece uma rede [de pesca] com brilhos está muito em alta, mas já tivemos plumas e franjinhas também”, explica ela, que já começou se preparando com uma curadoria com peças compradas até no Rio de Janeiro, famoso pela característica da época.

No auge da temporada, em fevereiro, ela chega a customizar 15 abadás por dia, sem horário certo para sair, contando com uma equipe de 7 pessoas, ampliada com até 3 pessoas para dar conta da alta demanda. Sobre os modelos, variam de uma simples customização a partir de R$80. “As pessoas que procuram nossos serviços querem algo mais elaborado. O modelo tomara que caia, por exemplo, nunca sai de moda, mas fazemos uma versão bem estruturada, para garantir que não caia, com conforto e estilo”, brinca.

Além da customização, o período é marcado por um clima de entusiasmo nos ateliês. “Aqui trabalhamos felizes, com fantasias e máscaras, no pique total. De janeiro a março é desse jeito”, revelou Concy, que considera o corte à mão livre o ponto alto do seu processo criativo.

Ápice

O ateliê de Alinne Carvalho, de 30 anos, a loja rosa localizada na esquina da avenida Almirante Wandenkolk com a rua Domingos Marreiros, bairro Umarizal, também está a todo vapor. A empresária gerencia o ateliê onde as customizações ganham vida sob as mãos habilidosas de sua equipe. “Trabalho na área há 6 anos e, no Carnaval, o foco é a personalização. Cada cliente traz suas ideias, às vezes até os próprios adereços, e eu oriento sobre o que combina melhor. É um trabalho colaborativo”, destaca.

Para ela, a demanda também cresce gradualmente a partir da segunda semana de janeiro e atinge o ápice em fevereiro. “Os pedidos de última hora são um desafio, mas se der, com jeitinho, não recusamos ninguém. Trabalhamos até tarde para entregar tudo no prazo. A expectativa é grande para este ano, porque além do Carnaval animar e nos desafiar a inovar, faz parte do meu topo de atividades do ano”, comenta Alinne, que tem a renda aumentada em 50% no período.

Além de ser uma oportunidade de negócio, o Carnaval representa para Alinne uma chance de se conectar com sua paixão pela moda. “O mais gratificante é ver os clientes voltarem e dizerem que se sentiram incríveis com a roupa que criamos juntos”, conclui.