Cícero lança novo álbum "Concerto 1"

A poesia das canções de Cícero chega em formato orquestrado às plataformas digitais, nesta quarta-feira 22,  no álbum “Concerto 1”. São dez versões de seus maiores sucessos, revisitadas após uma turnê de mesmo nome, que circulou pelas principais capitais do Brasil, incluindo Belém. “Tempo de Pipa”, “Capim-limão” e “Por Botafogo” foram algumas das faixas escolhidas para o álbum que celebra a  carreira do músico, vencedor de dois Prêmios Multishow, além de acumular milhões de streams nas plataformas de música.

Cantor, produtor e compositor, o carioca Cícero Rosa Lins, ou simplesmente Cícero, diz que “Concerto 1” é muito mais que a extensão do show com que presenteou o público com uma experiência de multilinguagens, com apoio de som e imagem – nas apresentações Brasil afora, ele foi acompanhado de uma orquestra, além de um telão com projeções e um universo de estímulos aos sentidos do espectador.

“Acho que é uma revisitação de uma década de busca por novas linguagens de produção e de gravação. Eram discos que buscavam ser muito diferentes uns dos outros, nas épocas que eu estava fazendo eles. Mas eles carregavam um denominador comum, que era eu compondo e escrevendo. E quando eu montei o show, em 2023, a ideia era ser orquestra projetada atrás de mim e eu tocando sozinho no palco. Esses áudios dessa orquestra tocando me deram muita vontade de transformá-lo também num álbum. E foi isso que eu decidi fazer ao longo do ano passado. Acho que descobri, com a turnê, que esse show explicava uma fase da minha obra e fazia sentido também como álbum”, explica Cícero.

Álbum vai além da turnê, diz Cícero

Tecnicamente, ele conta que o projeto tem o formato que ele queria, mas que não esperava, após ouvir os áudios e ver as gravações dos shows com a orquestra. “O disco acabou ganhando todas essas nuances, uma orquestra tocando ao vivo, mais uma pessoa cantando no estúdio e o violão. Achei que ele ganhou uma beleza que eu não imaginei que teria. O disco é uma consequência, uma extensão e um rizoma, digamos, uma nova coisa que eu estou descobrindo agora. Porque a turnê se encerrou, quem viveu aquilo viveu; quem não viveu, não viveu. O álbum, não. Ele se prolongará para sempre. Então, a experiência acabou dando galhos. Não era a ideia inicial, mas eu fiquei muito feliz, principalmente quando ouvi os áudios da orquestra em casa. Pensava: ‘nossa, isso é um disco, preciso lançar isso como álbum também’, que é a minha linguagem principal. Aprendi a gostar do palco, mas meu interesse primeiro da infância é a gravação, a produção e até mesmo antes de tocar”.

O processo de seleção das músicas foi fluido, ele descreve. “Não foi difícil, foi um trabalho prazeroso. É parecido com uma reforma de um cômodo da sua casa, em que você passa por uma obra e o estresse, mas ao mesmo tempo fica feliz por melhorar a casa. O processo foi ouvir os discos, as músicas e ver as que ficariam bonitas orquestradas. E depois disso, na minha concepção de mundo de hoje em dia… porque também tem músicas de 15 anos atrás. Então, já não necessariamente se concorda com tudo. É ver aquilo que ficou bem gravado e com o que se concorda musicalmente. Foram vários momentos de escolhas e nenhum foi um fardo”.

Canções feitas para ouvir a sós

As letras das músicas de Cícero falam sobre solidão, paixões, saudades e memórias, sentimentos múltiplos dragados pelo período de pandemia, quando a ideia dos shows ainda era projeto. “’Concerto 1′ foi uma ideia totalmente fermentada pela pandemia e pela vivência trancado em casa, esperando alguma coisa acontecer. Ia projetando tudo sozinho. Imaginava o show projetando numa parede, a orquestra, botando uma câmera e transmitindo do meu bunker, porque a gente nunca mais se veria. A ideia veio dali, mas o resultado final, o disco, foi burilado pela estrada, pela turnê e por ter tocado muito e visto as músicas com emoção e fazer o registro sonoro”.

Encontrar sotaques diferentes por diversas regiões do país foi tocante, diz o artista. “Eu adoro, faço isso de rodar o Brasil há muitos anos, desde 2012. Eu gosto muito, acho que isso é um grande privilégio de ser um artista popular, trocar com tantos seres humanos numa intenção positiva como é um show. Por exemplo, a gente é capaz de ver sempre os melhores lugares por onde passa. Achei incrível passar por Goiânia, Salvador, Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Lisboa. Porque visitando esses lugares, conheço o melhor deles ali, e isso me dá fé de que as coisas podem dar certo”.