O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirma que vai solicitar à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a proibição do uso de PMMA (polimetilmetacrilato) em procedimentos estéticos de preenchimento no Brasil. A reunião em que deve ser feito o pedido está marcada para a tarde desta terça-feira (21).
A substância é liberada pela Anvisa para fins estéticos e reparadores, como o preenchimento cutâneo e muscular. Segundo o CFM, contudo, o uso de PMMA tem demonstrado riscos graves e irreversíveis aos pacientes, como granulomas, infecções, hipercalcemia e insuficiência renal.
O PMMA é um preenchedor definitivo em gel feito para dar volume a algumas partes do corpo e do rosto em procedimentos estéticos e de correções, como no caso de lipodistrofia, uma alteração da quantidade de gordura no corpo.
É um componente plástico, portanto não é reabsorvível pelo corpo. Uma vez introduzido no organismo, ele se adere a estruturas como músculo, pele e osso. Quando há um processo inflamatório, ou mesmo quando o paciente não gosta do resultado, remover o PMMA sem causar danos a essas estruturas é quase impossível.
Neste mês, uma mulher de 46 anos foi encontrada morta em sua casa um dia depois de passar por um procedimento de harmonização de bumbum com PMMA no Recife. A Polícia Civil e o Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco) investigam o caso. Segundo o boletim de ocorrência, Adriana Barros Lima Laurentino passou pela intervenção para ganho de volume e redução de celulite e de flacidez.
A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) alerta que procedimentos que necessitam de PMMA devem ser indicados e realizados por médicos, “pois podem produzir resultados imprevisíveis e indesejáveis, incluindo reações permanentes e persistentes”.
“A SBD contraindica o uso PMMA para fins cosmiátricos [procedimentos para melhorar a aparência física de uma pessoa]. Por outro lado, reconhece que, apesar dos efeitos adversos, o PMMA continua a ser uma ferramenta valiosa para o tratamento reparador de lipoatrofias faciais e corporais, como por exemplo em algumas pessoas vivendo com HIV e Aids que ainda necessitam da referida reabilitação, e, portanto, não podem ser marginalizados”, disse a entidade, em comunicado.
No ano passado, a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) também defendeu o banimento do PMMA pela Anvisa. Em nota, afirmou que o “material é inadequado para aplicações estéticas, especialmente considerando que sua remoção, em caso de complicações, frequentemente resulta em procedimentos mutilantes e com impacto funcional e estéticos significativos”.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), também em 2024, já havia solicitado à Anvisa a suspensão da comercialização, venda e distribuição de produtos que contenham PMMA.
O comunicado foi emitido após a morte da influenciadora Aline Ferreira, em julho do ano passado, causada por complicações em decorrência da aplicação de PMMA nos glúteos, em Goiânia.
LAIZ MENEZES/SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)