O professor João de Jesus Paes Loureiro é homenageado em um colóquio que ocorre nesta terça-feira, 21, às 9h, no Auditório Eneida de Moraes, no Palacete Faciola, em Belém. Ele é um dos principais estudiosos e formuladores do pensamento cultural amazônico. As inscrições para participar da programação são gratuitas e podem ser feitas pela página do Instagram @ocupacaopesloureiro, com direito a certificação para os participantes.
A iniciativa integra a Ocupação Paes Loureiro, constituída de uma série de ações em torno da vida e da obra do escritor, em homenagem aos seus 85 anos. Entre elas, saraus e exposições. Este Colóquio Paes Loureiro, por sua vez, terá a participação dos professores Raphael Bessa, Relivaldo Pinho, Clei Souza e Paulo Nunes. O objetivo é de promover a reflexão e o debate acerca da obra do poeta.
Homenagem é fundamental, diz pesquisador
O comunicólogo Relivaldo Pinho é pesquisador da obra de Paes Loureiro. Enquanto estudioso, ele entende como fundamental prestar essa homenagem. “Falarei sobre os elementos da poesia e do trabalho teórico de Paes Loureiro, que estão presentes, pela primeira vez de modo programático, em seu livro ‘O remo mágico’, que completa 50 anos”, adianta.
“Paes Loureiro adotou, a partir da década de 1970, um estilo de poesia engajada, mas com um engajamento que falava sobre o imaginário e o mito regional como forma de trazer, a partir desses temas, uma abordagem também universal, que trata do amor, da morte, do maravilhoso, do medo, da modernidade”, diz.
“A importância de seu trabalho teórico também é inquestionável, nomeadamente de sua tese de doutorado, ‘Cultura amazônica: uma poética do imaginário’, na qual grande parte dos seus temas da poesia são estudados. Um trabalho frequentemente citado e utilizado por muitos trabalhos que tratam sobre a cultura amazônica”, descreve ainda Relivaldo Pinho.
Paes Loureiro se mantém como teórico inovador
Relivaldo Pinho, que também é autor e organizador de quatro livros, comenta que fez pesquisas sobre a poesia, o teatro e a teoria de Paes Loureiro.
“Paes Loureiro é muito profícuo, tem publicado vários livros nos últimos anos, que envolvem diferentes linguagens literárias. E também novas análises teóricas, que buscam pensar a contemporaneidade estética e artística.”
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Mas, segundo Relivaldo, isso não é nenhuma novidade em seu trabalho: “O próprio livro ‘O remo mágico’ é um ato teórico e artístico programático, rúptil e inovador, na medida que sua proposta é a de tematizar o imaginário com os mitos, mas situá-los dentro não só de uma linguagem universal, como em confronto com a realidade moderna, sob o signo da ameaça, na região. Isso demonstra o quanto seu trabalho sempre se atualiza poeticamente e teoricamente. Inquieto, Paes Loureiro cultua os cânones da arte sem deixar de olhar para a realidade que o rodeia”, considera.
Escritor foi perseguido pela ditadura militar
João de Jesus Paes Loureiro é natural de Abaetetuba. Estudou Direito, Letras, Artes e Comunicação na Universidade Federal do Pará. Foi preso entre 1964 e 1970, em decorrência da sua militância política contra a ditadura militar. Muito depois, tornou-se mestre em Teoria Literária e Semiologia pela PUC Campinas e doutor em Sociologia da Cultura pela Sorbonne, Paris, em 1990. Exerceu vários cargos públicos, tendo sido secretário de Cultura do Pará, assim como criador e presidente do Instituto de Artes do Pará – posteriormente extinto para a criação da Casa das Artes, em funcionamento atualmente ligada à Fundação Cultural do Pará.
Enquanto docente, lecionou Estética, História da Arte e Cultura Amazônica na Universidade Federal do Pará (UFPA), sendo fundador do Programa de Educação Tutorial (PET) da instituição. É membro da Academia de Letras do Brasil (ALB) desde 2023, ocupando a cadeira de número 25.
Poeta, escritor, pesquisador e professor, Paes Loureiro é autor de vários ensaios sobre a cultura da região. Dentre eles, “A Conversão Semiótica na Arte e na Cultura”. Loureiro tem pesquisado o significado dos espaços e dos objetos além das suas necessidades de uso, preocupado pela ressignificação simbólica que estes adquirem ao serem recebidos segundo diferentes hierarquias das funções neles contidas. A verdadeira construção cultural estaria dada, portanto, pela relação entre o homem e esse ajustamento.
Participe do Colóquio
Ocupação Paes Loureiro – Colóquio Paes Loureiro
Quando: 21/01, terça-feira, das 9h às 18h.
Onde: Auditório Eneida de Moraes do Palacete Faciola (Av. Nazaré, 138, esquina com Dr. Moraes – Nazaré)
Quanto: Gratuito. Inscrições pelo Instagram @ocupacaopesloureiro. Evento com certificação para os inscritos.
