A Agropalma, ao abrir suas reservas florestais para a pesquisa, se torna parceira do Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental (PPBio-AmOr), coordenado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e pela Universidade de Bristol, do Reino Unido.
Integrante do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a iniciativa reúne cerca de 1.000 pesquisadores que monitoram a biodiversidade nos cinco biomas brasileiros. Seu objetivo é gerar dados que auxiliem na criação de políticas públicas voltadas à conservação e sustentabilidade.
O PPBio-AmOr conta com a participação de 40 instituições, das quais 15 estão na Amazônia e 15 são internacionais. A parceria com a UFPA, em Tailândia (PA), sede da Agropalma, teve início há 12 anos.
O programa de pesquisa se divide em três áreas principais: levantamento e análise de literatura científica existente; intercâmbio de informações e saberes com gestores ambientais, comunidades e organizações não-governamentais; e a realização de pesquisas de campo para entender a biodiversidade da região amazônica e suas transformações ao longo do tempo.
De acordo com Filipe França, professor titular da Universidade de Bristol e do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFPA, a colaboração entre ciência e indústria é essencial para enfrentar os desafios socioambientais diários e para a geração de conhecimento sobre a biodiversidade.
A Agropalma permite que a equipe do PPBio-AmOr tenha acesso às suas reservas legais e oferece apoio logístico, como hospedagem e alimentação, para a realização das pesquisas. Já foram gerados mais de 50 artigos científicos, e mais de 30 pesquisadores da região amazônica foram formados como bolsistas de mestrado e doutorado.
Biodiversidade
Túlio Dias Brito, diretor de Sustentabilidade da Agropalma, afirma que a empresa se estabeleceu como uma parceira estratégica no monitoramento da biodiversidade em suas reservas legais, que são algumas das maiores áreas de floresta remanescente na região de Tailândia, especialmente nas fazendas Roda de Fogo e Castanheira. Essas áreas são berços de grande diversidade de espécies e desempenham um papel crucial na preservação ambiental.
O monitoramento das áreas da Agropalma é realizado por meio de visitas da equipe do programa, com o objetivo de avaliar como as mudanças climáticas impactam a biodiversidade ao longo do tempo.
Espécies
O programa já catalogou 64 espécies de primatas, sendo 25 delas ameaçadas de extinção, como o macaco Cebus Kaapori, e 66 espécies de aves, das quais 27 estão ameaçadas. Segundo o professor França, as pesquisas revelam que as áreas carentes de floresta apresentam temperaturas mais elevadas em comparação com as áreas florestais.
No contexto das mudanças climáticas, a perda das florestas mantidas pelas reservas legais da Agropalma traria impactos climáticos para a região, tornando essas áreas essenciais para mitigar esses efeitos. Onde há floresta, a temperatura tende a ser mais baixa, explica o professor.
A pesquisa do PPBio-AmOr foca em dois componentes principais: as florestas e os igarapés (riachos), onde são coletadas plantas aquáticas, espécies de peixes e insetos aquáticos. Nas florestas, são registrados dados sobre árvores e mamíferos como a anta, a onça-pintada e o lobo-guará, além de insetos terrestres, como formigas, besouros e borboletas.