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Lula cobra ministros e líderes e diz que ‘não precisa pedir licença’ para governar

Café da manhã de trabalho com presidente Luiz Inacio Lula  da Silva
Café da manhã de trabalho com presidente Luiz Inacio Lula da Silva

Alice Cravo/Agência Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nessa quarta-feira que seus ministros e seus líderes no Congresso (Randolfe Rodrigues), na Câmara (José Guimarães) e Senado (Jaques Wagner) resolvam “todas as demandas” apresentadas até agora para o governo. Lula se reuniu no Palácio do Planalto com o Conselho Político, parte da base do governo no Congresso Nacional.

“Já estamos há um mês e 10 dias no governo. Não tem mais por que a gente não estar resolvendo todas as demandas que apareceram para o Padilha (Alexandre Padilha, ministro das Relaões Institucionais), Jaques Wagner, Guimarães, Randolfe, para os líderes dos partidos que estão participando dessa frente parlamentar de sustentabilidade para a nossa democracia”, afirmou Lula aos deputados, senadores e presidentes de partidos presentes do encontro.

O presidente afirmou ainda que pretende, a partir da semana que vem, se reunir com ministros, sobretudo os ligados às áreas de infraestrutura, para anunciar novas ações e recomeçar obras. Na terça-feira, o petista viajará para a Bahia onde inaugurará unidades do Minha Casa, Minha Vida e a oficializará a retomada do programa.

“O dado concreto é que vamos tentar acabar tudo aquilo que estava começado e ficou parado. Não queremos saber de quem é a obra, de que período de governo ela foi feita, queremos saber se ela é de interesse da cidade ou do estado”, afirmou Lula durante a reunião no Planalto nesta terça-feira.

Nesta terça-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu um esforço para que o governo consiga entregar 96 mil casas do Minha Casa, Minha Vida, ainda no primeiro semestre deste ano. De acordo com o ministro, o governo prioriza ao todo a finalização de 120 mil obras do programa.

Lula ainda afirmou durante o encontro que a retomada de obras pode contribuir para que a economia brasileira não seja “o desastre previsto pelo FMI”. O presidente reforçou que acredita que a economia voltará a crescer e que não é preciso “pedir licença para governar”.

“Se a gente conseguir fazer com que todas as obras que estão paradas comecem a funcionar e a gente comece a terminar algumas delas, a gente pode contribuir para fazer com que a economia brasileira não seja o desastre previsto pelo FMI na última avaliação deles”, afirmou, completando: “Confio que a economia vai voltar a crescer, depende muito de nós. A gente não tem que pedir licença para governar. Não tem que tentar agradar ninguém, tem que agradar o povo brasileiro que acreditou num programa que nos trouxe até aqui”.

Nos últimos dias, Lula tem feito críticas ao Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto. Nesta terça-feira, afirmou que o BC é o responsável pela alta taxa de juros no país e que o Senado Federal pode trocar a presidência do banco.

“Eu acho que esse cidadão que foi indicado pelo Senado tem a possibilidade de maturar, de pensar e saber como é que vai cuidar desse país porque ele tem muita responsabilidade. Ele tem mais responsabilidade do que Meirelles tinha no meu tempo. Naquele tempo, era fácil jogar a culpa no presidente da República. Agora não. A culpa é do Banco do Central. Agora é o Senado que pode trocar o presidente do Banco Central”.

A expectativa do mercado é que a taxa Selic, em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, se mantenha neste patamar até o fim deste ano.

Nesta segunda-feira, durante cerimônia de posse de Aloízio Mercadante como presidente do BNDES, Lula afirmou que não havia uma justificativa para a atual taxa de juros e cobrou um posicionamento da classe empresarial. Lula chegou a afirmar que, no seu mandato, poderia rever o atual modelo de autonomia do Banco Central, classificado como “uma bobagem” pelo presidente.