Nesta quarta, 8, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol analisou mais dois recursos oriundos do Pará. Uma semana após determinar intervenção no TJD/PA, os auditores do Pleno deram parcial provimento aos pedidos do Itupiranga, absolvendo o clube da multa de R$ 30 mil, mantendo a declaração de nulidade e novo julgamento do processo envolvendo os atletas Hatos e Guga e determinando ainda o retorno imediato do Bragantino para o Campeonato Parazão 2023. A decisão foi proferida por 5 votos a 1.
Punidos no TJD/PA por infrações cometidas quando eram atletas do Itupiranga, os dois jogadores entraram com recurso alegando que ocorreu ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa e contraditório (Art. 2º do CBJD), pois não estariam mais vinculados a agremiação na data do julgamento e não foram comunicados do resultado e, portanto, nunca tomaram conhecimento das penalidades que lhes foram impostas. Na sessão do dia 19 de dezembro do Pleno local, o pedido de revisão foi julgado procedente, chegando agora para análise do STJD.
Na mesma sessão do Pleno do TJD/PA, o Itupiranga foi punido com multa de R$ 30 mil por deixar de “tomar as providências cabíveis para que a citação ou intimação” fosse recebida pelos atletas e por “deixar de colaborar com a Justiça Desportiva na apuração de irregularidades ou infrações disciplinares”, conforme descrito no artigo 51-A parágrafo único e artigo 220-A do CBJD. Em busca de reforma da decisão, o clube também entrou com recurso junto ao STJD.
Castanhal, Paragominas, Amazônia Independente, Águia de Marabá e Bragantino também participam dos recursos como recorrentes e/ou terceiros interessados.
Entenda o caso
Hatos foi expulso do Parazão 2021 quando defendia o Itupiranga. Julgado após a competição, pegou cinco jogos de gancho, cumprindo apenas um e tendo que ficar fora de outras quatro partidas de competições organizadas pela Federação Paraense. Depois, o meia disputou a Série B do mesmo ano pelo Cametá, mas sem cumprir nenhuma suspensão. E, no Parazão de 2022, já era contratado pelo Bragantino, onde atuou em cinco jogos.
Guga também foi expulso no Parazão 2021 vestindo a camisa do Itupiranga. O meia foi julgado e punido com um jogo de gancho. Com o fim do campeonato e o término do contrato, Guga deveria cumprir a punição na próxima equipe que defendesse no Pará. Assim, precisaria ficar fora de uma partida de competições da FPF. O Águia de Marabá contratou o jogador e alega ter solicitado uma consulta à Federação sobre a situação do jogador sobre possíveis irregularidades.
O Itupiranga chegou a ser acusado de não informar os jogadores sobre as punições, mas o presidente enviou ofício ao TJD/PA se defendendo e alegando que havia respaldo da Federação no caso. Posteriormente o presidente declarou em ofício que ligou e comunicou pessoalmente os atletas. Já o Bragantino também se defendeu ao dizer que pediu consulta sobre a situação do jogador, e que a Federação respondeu com atraso de cerca de dois meses.
No entanto, o caso seguiu parado no Tribunal regional desde o primeiro semestre do ano passado, sem nenhuma decisão, até que os clubes afetados entraram com ação junto ao STJD.
No dia 20 de janeiro de 2023, o presidente do STJD, Otávio Noronha, concedeu liminar adiando o início do Campeonato Paraense até que os fatos fossem julgados pelo Pleno da corte máxima do futebol nacional. A sessão, então, ocorreu no dia 31 do mesmo mês onde foi determinado o retorno da competição e a intervenção do TJD/PA.
Agora, a Federação Paraense de Futebol deverá produzir a tabela oficial do Campeonato Paraense, já com o Bragantino confirmado. (Com informações do STJD)