A rotina de muitos motoristas de carros pode incluir hábitos que, à primeira vista, parecem inofensivos, mas que têm impacto significativo no consumo de combustível. Desde erros simples, como não calibrar os pneus, até práticas como acelerar sem necessidade, podem custar mais caro. Pequenas mudanças de hábito e atenção à manutenção podem fazer toda a diferença no bolso e na eficiência do veículo.
De acordo com Francisco David, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e mestre em engenharia mecânica e especialista em mecânica automotiva de carros, há fatores técnicos que explicam o aumento do consumo em situações como essas.
“O motor frio, por exemplo, consome mais combustível durante os primeiros minutos de funcionamento porque precisa atingir a temperatura ideal de trabalho. Isso é normal, posterior a isso o motor logo atinge a temperatura normal de trabalho, mas se o componente, a válvula termostática, que regula essa temperatura, estiver danificada ou for removida, o consumo pode aumentar significativamente”, explicou.
Outro erro é ignorar a calibração correta dos pneus. Pneus com pressão abaixo do indicado exigem mais esforço do motor para movimentar o veículo, elevando o consumo. “A roda com a pressão baixa tem dificuldade de giro, o carro passa a ter dificuldade de se locomover e o motorista precisa acelerar mais para vencer essa dificuldade”.
Manter a pressão dentro do especificado “depende do porte do veículo, cada um possui a pressão ideal recomendada pelo fabricante, que geralmente está indicada em etiquetas, geralmente, próximas à carroceria do veículo ou a porta do motorista. Seguir essas especificações faz toda a diferença”, destacou.
O engenheiro reforça que hábitos como “esticar” marchas – prolongar o uso de uma marcha acima da velocidade recomendada – também contribuem para o desperdício. “O ideal é mudar as marchas de acordo com as orientações do manual do veículo, evitando ultrapassar velocidades como 20 a 25 quilômetros por hora (km/h) na troca da primeira para a segunda marcha, por exemplo. Pequenos ajustes como esses podem ter grande impacto na economia”.
Entre as recomendações para otimizar o consumo, está a importância da manutenção regular do veículo, como a verificação das velas de ignição e do sistema de combustão. “Um motor em boas condições queima o combustível de forma mais eficiente. Por isso, é essencial realizar revisões periódicas e ficar atento ao desgaste das peças”.
O ar-condicionado também merece atenção. Francisco explicou que, apesar de proporcionar conforto, o sistema pode aumentar o consumo de combustível em até 20%. Não é recomendado ligar o ar, esperar esfriar e logo depois desligar. “É diferente do ar-condicionado de uma residência em que você às vezes desliga e ele passa um bom tempo climatizado para depois voltar a aquecer. Então, se desligou, ele aquece imediatamente. O mesmo ocorre se ficar parado no sol”.