No último dia do ano passado, quando foi anunciado como novo reforço do Clube do Remo para a disputa da Série B, as redes sociais do centroavante Felipe Vizeu viveram uma divisão bem clara. De um lado, os torcedores azulinos comemorando a chegada de um jogador com passagens por clubes grandes do futebol nacional. Do outro lado, “haters” afirmando que o atleta estava numa fase descendente da carreira por aceitar defender um clube do Norte do Brasil. Ontem, em sua primeira entrevista como jogador azulino, ele deu o recado para quem pensa assim: “São pessoas que realmente não sabem o que é o futebol, não sabem o que o Remo representa”.
Depois de dois anos sem lesões sérias como as que teve em ocasiões anteriores, Vizeu se disse pronto como há tempos não se sentia, colocando-se inclusive à disposição para estar em campo neste sábado, quando o Clube do Remo estreia na temporada diante do São Francisco, na primeira rodada do Campeonato Paraense. Mas, o jogador iniciou os treinos com a equipe apenas na semana passada e, se entrar em campo no Mangueirão, dificilmente seria titular.
Com dois anos de contrato, Vizeu garante que vem em busca de ser goleador, mas acima de tudo poder ajudar em campo. “Não sou um cara fominha. Sempre que vejo que meu companheiro está melhor, eu procuro também servir, porque eu acho que isso é interessante”, afirmou. Em entrevista coletiva na sala de imprensa remista, o atacante falou sobre o que trouxe ao Baenão, da tradição do Leão Azul, de como está fisicamente e até de como controla a lesão crônica na coluna que o acompanha há alguns anos. Confira.
Propostas de outros clubes
“Tive ainda alguns clubes da Série A, inclusive, com propostas já na mesa. Mas desde que o Remo entrou em contato comigo, eu sempre me senti muito tranquilo, com o meu coração muito em paz. Por tudo que a diretoria passou para mim, o Papellin foi o que fez o primeiro contato comigo e, pelo que ele me passou, pelas expectativas dessa temporada. Eu sou um jogador que gosta de desafio, já tenho um acesso da Série B para a Série A. Então, eu estou afim disso, de vivenciar isso de novo. É um clube onde, tenho certeza, está em uma crescente novamente, em relação ao cenário do futebol nacional. Hoje, se pegarmos a Série B, já se diz que está em um cenário nacional muito positivo, mas a gente quer mais. É isso que me fez vir para cá, me trouxe até aqui. Então, eu agradeço a Deus pela oportunidade do Remo”.
Ano sem lesões
“No último jogo do campeonato eu tive uma pancada no tornozelo, mas não foi nada que me preocupasse nas minhas férias. Então, não tive problema. A minha lesão no ano passado, até passei aqui para o departamento médico quando cheguei, foi em julho, e foi uma lesão muscular. Também estava jogando bastante desde o ano de 2023 quando retornei para o Brasil. Ninguém quer estar lesionado, sentir problemas, quer sempre estar jogando, mas a questão da parte física eu me recuperei bastante e me recuperei bem. Desde que voltei dessa lesão não tive nenhum outro problema. Então, estou no melhor possível para esse início de temporada, para essa temporada, e muito feliz e motivado para poder ir 100% fisicamente para poder ajudar o Remo”.
Vinda ao Remo: um passo atrás?
“Eu posso dizer que isso é um engano para essas pessoas. Eu acho que são pessoas que realmente não sabem o que é o futebol, não sabem o que o Remo representa. É um estado maravilhoso e fui muito bem recebido. A torcida, eu preciso nem dizer alguma coisa, porque só recebi coisas boas. Sempre tem pessoas que querem te colocar para baixo, mas é o que eu falo, as pessoas estão bem enganadas sobre o Remo, sobre o clube e a cidade. Tenho certeza que a gente vai superar muitas coisas nessa temporada. Por tudo que a gente vem trabalhando agora nesse início de ano, tenho certeza que a gente merece muitas coisas boas e a gente vai conquistar. Nós vamos em busca disso. As pessoas precisam olhar um pouco mais especial para a gente aqui, porque pode ter certeza que a gente vai dar muito trabalho e vamos conquistar nossos objetivos”.
Lesão crônica controlada
“A questão da hérnia de disco, desde que eu joguei no Japão eu tenho ela. Então, se a gente for pegar do Japão pra cá, eu tive momentos brilhantes na minha carreira. Se pegar no Criciúma, eu tenho mais momentos bons do que ruins. Falo não só coletivamente, mas falo também individualmente, onde meus números foram bem expressivos. Então, voltei pro cenário do futebol nacional novamente com força e eu acho que isso me deu muita motivação. E sempre tenho pessoas que trabalham comigo, fisioterapeutas. Eu sou um cara que me dedico bastante. Inclusive, eu sou cobrado para sempre estar performando bem, sempre no meu melhor. Então, eu tento sempre cuidar bem de mim e do meu corpo, das coisas às vezes que me incomodam. Eu sou um cara chato pra isso. Sempre venho fazendo meus tratamentos, seja da hérnia, seja da lombar, seja dos músculos, o que for”.
Resposta em campo à torcida do Remo
“O que eu tenho para falar do Fenômeno Azul? Em pouco tempo desse contato que eu tenho, já estou bem ansioso para ter esse contato em campo, logo na nossa estreia no dia 18. É uma torcida apaixonada, que realmente vibra bastante, é o nosso 12º jogador. Isso vai fazer a diferença para a gente conquistar os nossos objetivos nessa temporada. Eu costumo dizer que a gente dentro de campo tem que ser o espelho da torcida. Por quê? Porque o professor Rodrigo (Santana) cobra muito da gente nesse pouco tempo que estou aqui de poder trazer cada vez mais eles para o nosso lado, seja na vontade, na raça, na garra. Eu acho que a torcida quer ver isso, um Vizeu que vibra, que comemora com eles, então eu acho que isso é o mais importante”.
Atuais condições físicas
“Eu me preparei muito desde que a gente entrou nas férias. Eu costumo dizer que o jogador não tem férias, ele tem um período de descanso e automaticamente ele já se prepara, o atleta profissional é assim. Quem me acompanhou ao longo do meu dezembro ali pôde ver que eu sempre estive trabalhando, eu nunca parei, então eu chego bem preparado, motivado e muito feliz. Com todo esse suporte que o Remo tem me dado, estou bem tranquilo e bem pronto para poder desempenhar sempre o melhor. Acredito que eu vou conseguir isso junto com meus companheiros, com tudo que o professor, toda a comissão técnica vai passar para a gente”.
Estreia no Remo I
“Se eu começar já nessa partida, para mim será um privilégio muito grande, mas temos grandes jogadores aqui também, que já tem história no clube, e outros que estão chegando assim como eu, que querem conquistar os seus espaços, um lugar dentro do time. Independente de quem estiver com a camisa do Remo tem que entrar ali para fazer o seu melhor, se dedicar. Eu acho que assim a gente vai vencer sempre. Mas não vai ser o Vizeu principal, não vai ser o fulano ou o sicrano que vai ser o principal, todos têm que estar bem, estar no mesmo objetivo e com o mesmo pensamento. Eu acho que o mais importante é a gente estar unido e esse grupo já demonstrou ter muita união. Com a nossa chegada a gente vai agregar bastante para continuarmos vencendo e conquistando tudo de bom nessa temporada”.
Estreia no Remo II
“Acredito que posso ganhar alguns minutos, sim, já nessa partida. Vou para o jogo, se Deus quiser. Ainda dá para ganhar ainda mais na parte física até sábado. E em questão de adaptação de clima, essas coisas, eu me sinto muito bem, já estou muito bem adaptado quanto isso. É questão mais de ritmo de jogo, de treino. Os atletas que estão aqui há mais tempo, desde dezembro, fazendo essa preparação, então, eles estão muito mais preparados, com certeza. Mas estou bem já para poder fazer esse jogo. Se eu não começar, espero poder ganhar alguns minutos junto com meus companheiros e poder fazer uma bela estreia”.