Belém -
Durante este percurso de mais de quatro séculos de existência, a capital paraense esteve envolvida em mais de 200 anos com a festividade do Círio de Nazaré, importante celebração para a comunidade católica paraense realizada pela primeira vez em Belém no dia 8 de setembro de 1793. Até a edição da festividade do ano passado já foram realizados 232 círios.
Tão importante para a capital paraense, a grande procissão do Círio de 2024 teve público de 2,3 milhões de pessoas, seguida pela Trasladação, com 1,9 milhão de pessoas, conforme a Diretoria da Festa de Nazaré. Os números revelam o quanto é forte a relação da nossa cidade com as procissões à Virgem e como isso reflete na devoção dos milhões de fiéis belenenses e de outras localidades.
A Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, localizada na região central de Belém, é um dos principais monumentos de espiritualidade e fé para a comunidade católica na capital paraense. Círio e Basílica são dois importantes símbolos da cidade que alimentam anualmente a fé à Virgem. Devotos afirmam que na época do Círio, a capital paraense fica mais sentimental e emotiva, com a demonstração de amor à Padroeira pelas diversas ruas da cidade.
Hoje morando no município de São Domingos do Capim, a enfermeira Janilce Batista, 31 anos, deixou a capital paraense no ano passado para trabalhar no município localizado no nordeste paraense. Mas a história de Janilce com o Círio, com a Basílica e com a cidade de Belém, mantém-se forte, apesar da imensa distância física atualmente.
Sempre que pode, a enfermeira participa do Círio por considerar o evento uma representação de graças e esperança. Em outubro de 2019, ainda em Belém, Janilce pediu à intervenção de Nossa Senhora para realizar o desejo de ser mãe, pois não conseguia engravidar. No mês seguinte, ela descobriu que estava grávida do Armando, hoje com quatro anos de idade. “Não tem como vir à cidade de Belém e não visitar a Basílica. É uma emoção grande falar Dela porque sem Nossa Senhora não sou nada”, explica Janilce que também é catequista e coordenadora paroquial da Catequese de São Domingos do Capim, pertencente à Diocese de Castanhal.
Devoção também é algo que motiva a vida da cuidadora de idosos Maria Elianny, 46, que frequenta a Basílica sempre que possível para ter um momento especial de oração com a Virgem de Nazaré. A devoção veio de geração em geração, passada por meio da família católica. Como forma de demonstração de agradecimento, Maria participa das festividades todo ano, reforçando o quanto a capital paraense é importante para a comunidade católica.
Mas para isso, no dia do Círio ela sai a pé de Ananindeua, da Paróquia Divino Espírito Santo, localizada na Cidade Nova 4, rumo à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, um percurso com duração de cerca de quatro horas caminhando, um momento de intenso esforço físico e contemplação à Padroeira. “Tudo é por ela. Pela fé e amor por Nossa Senhora. Sempre quando eu venho aqui na Basílica, sinto uma paz que não dá pra explicar em palavras”.
RENOVAÇÃO
Venerar Nossa Senhora também faz parte da vida do terapeuta ocupacional Murilo Barata, 36. Como muitos devotos que moram em Belém, Murilo também busca sempre renovar sua conexão com Nossa Senhora visitando a Basílica. Aliás, como forma de ajudar os pacientes nos tratamentos, ele costuma trazê-los à Basílica para contemplar o templo sagrado e ter um momento especial de conexão espiritual.
No dia do Círio, ele sai do bairro da Cidade Velha, nas proximidades da Catedral Metropolitana, em direção à Basílica de uma forma bem peculiar: Murilo vai de joelhos em um percurso de 3,6 quilômetros, um sacrifício que envolve força física e determinação. E neste ano ele vai de novo fazer o mesmo percurso no Círio 2025. “É um caminho bem longo mas faço como forma de agradecimento. A fé me motiva a andar de joelhos pelas ruas da cidade”.
A família do empreendedor João Batista, 61, também foi fundamental para a decisão de se tornar devoto de Nossa Senhora de Nazaré. Décadas atrás, quando ainda criança, João sofreu um acidente que prejudicou os movimentos da perna direita. Na época, uma tia recorreu à Santa e fez uma promessa para a recuperação do sobrinho. “Minha devoção é de muito tempo. E por conta disso, eu sempre procuro participar das festividades que envolvem o Círio, que deixa a cidade com mais fé e respeito”.
Sempre presente na Basílica, o fiel busca refletir e agradecer pelas conquistas alcançadas, assim como pedir orientações e intercessão à Maria. “Minha relação com Belém tem tudo a ver com Ela. Porque por meio Dela eu consegui concretizar meu sonho em ter um empreendimento na cidade há um ano. Sou crismado e sinto que sempre sou ouvido em minhas orações”, explica João sobre a realização de um projeto a qual atribui a conquista à Nossa Senhora.