A neta do ex-guerrilheiro da ditadura militar Carlos Marighella, Maria Marighella, assumiu a presidência da Funarte (Fundação Nacional de Artes), órgão que incentiva produções artísticas no país. A nomeação foi publicada nesta terça-feira, 7, no Diário Oficial da União.
Ela foi escolhida pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, no mês passado. “É uma grande responsabilidade ser a primeira mulher nordestina a ocupar esta presidência. Refundaremos também a Funarte com a força da cultura de todo o Brasil”, publicou Maria nas redes sociais.
Atriz, produtora cultural e ex-vereadora de Salvador, Maria Marighella já foi coordenadora de teatro da Funarte. Ela foi exonerada em 2016, depois do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Durante o governo Jair Bolsonaro, ao menos sete homens passaram pela chefia da Funarte. Entre eles, o maestro Dante Mantovani, criticado por um vídeo que ele publicou em 2019 em que diz que “o rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto, que, por sua vez, alimenta uma coisa muito mais pesada, que é o satanismo”.
Carlos Marighella foi considerado o inimigo número um da ditadura militar. Baiano e militante comunista, foi deputado constituinte e fundou o grupo armado de combate à ditadura Ação Libertadora Militar. Foi morto por agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) em 1969.
A mesma portaria que nomeia Maria também oficializa Ricardo Galvão no comando do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O pesquisador e professor de Física foi exonerado da diretoria do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 2019, após Bolsonaro contestar dados sobre o desmatamento da Amazônia.
“A ciência sobreviveu ao cataclismo de um governo negacionista. Agora voltaremos a ter investimentos em ciência e isso passa pelo fortalecimento do CNPq”, disse Galvão em cerimônia.
Texto: Uol/Folhapress