EVENTO

Cerimônia no Planalto sobre 8/1 tem petistas, ministros do STF e comandantes

Relembre a cerimônia de março de 2023 no Palácio do Planalto, que marcou os dois anos dos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes.

Presidente Luiz Inácio participa de cerimônia de reintegração das obras de arte destruídas nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Presidente Luiz Inácio participa de cerimônia de reintegração das obras de arte destruídas nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A cerimônia realizada nesta quarta-feira (8) no Palácio do Planalto para marcar os dois anos dos ataques golpistas à sedes dos Três Poderes teve a presença de petistas, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e comandantes das Forças Armadas.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, já havia expectativa de esvaziamento político, com maior presença de parlamentares de esquerda, o que se confirmou. Estiveram presentes os deputados Zeca Dirceu (PT-PR), Lindbergh Faria (PT-RJ), os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Eliziane Gama (PSD-MA), entre outros.

Após o evento, Lula participa de ato de partidos de esquerda e movimentos sociais na praça dos Três Poderes, um abraço simbólico ao local. Ele descerá a rampa com demais autoridades.

O presidente anunciou o evento em sua última reunião ministerial no ano passado e pediu que todos os chefes das pastas estivessem presentes em Brasília. Ele tem repetido que espera fazer de 2025 um marco em defesa da democracia na política.

Na caserna e dentro do próprio governo, havia receio de que discursos inflamados acirrem os ânimos no meio militar, já abalado com a prisão de oficiais de alta patente. Estavam na plateia o ministro José Múcio (Defesa) e os comandantes da Marinha, Marcos Olsen, do Exército, Tomás Paiva, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno.

A assessoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que ele está em viagem, programada anteriormente, mas que o primeiro vice-presidente da Casa, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), representou o Senado na ocasião.

A negativa decepciona o Planalto, que contava com sua presença, devido à sua atuação em defesa da democracia.

As cerimônias acontecem em um momento de redesenho da Esplanada, com a possibilidade de nomeação de líderes do Congresso numa reforma ministerial. O nome de Pacheco é frequentemente citado nessas conversas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por sua vez, está em Alagoas com o pai, Benedito Lira (PP-AL), doente. No evento do ano passado, pressionado por bolsonaristas, ele também não compareceu.

De acordo com relatos, o próprio presidente chegou a convidá-los. E, antes do Natal, teria recebido confirmações das presenças.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) representou a Casa em discurso na solenidade. Ela mencionou a ausência de Lira por motivos pessoais, a que a plateia reagiu com murmuros.

A solenidade é o terceiro evento no Planalto para marcar a data. Primeiro, foram apresentados o relógio trazido ao Brasil por dom João 6º em 1808 e uma ânfora (vaso). Os itens foram depredados nos ataques golpistas de 2023 e restaurados agora.

O relógio foi restaurado na Suíça, sem custos para o governo brasileiro, e chegou ao Planalto na véspera. De acordo com o governo, ele era do relojeiro de Luís 15, e existe apenas mais um outro deste, exposto em Versailles, na França.

Em um segundo evento, ocorreu a apresentação da obra “As Mulatas” de Di Cavalcanti. O quadro foi rasgado em sete lugares e, segundo o Planalto, seu valor estimado era de cerca de R$ 8 milhões.

De acordo com o Planalto, foram restauradas 21 peças por especialistas no Palácio da Alvorada, onde foi criado uma espécie de laboratório para especialistas em trabalharem nas obras.

O evento ocorre em meio a uma transição na Secom. Na terça-feira, o ministro Paulo Pimenta (Secom) anunciou que o presidente decidiu trocá-lo pelo marqueteiro Sidônio Palmeira e já foi iniciada uma transição na pasta. Os atos foram organizados com a participação do novo titular e também da primeira-dama, segundo relatos.

JOSÉ MARQUES, MARIANNA HOLANDA E RANIER BRAGON/BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)