O Natal, celebrado em todo o mundo como a data que simboliza o nascimento de Jesus Cristo, vai muito além das luzes e presentes. É um momento de renovação, reflexão e resgate de valores espirituais que conectam pessoas de diferentes crenças e culturas. Seja no ambiente íntimo de uma família ou em grandes celebrações organizadas por comunidades religiosas, a essência natalina inspira fé, união e generosidade.
A data é a celebração do nascimento de Jesus, “o fundamento da fé cristã”, segundo o pastor Philipe Câmara, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus. “Celebramos o nascimento de Jesus, que é a razão de nossa fé. É um momento de anunciar a mensagem de Cristo, convidar pessoas e refletir sobre o impacto de Jesus na história”, afirma.
Ele explica que a Bíblia inteira, de Gênesis a Apocalipse, aponta para Jesus e o cumprimento de profecias bíblicas que anunciam a sua chegada; portanto, a data deve incluir sua essência. “Isaías, cerca de 700 anos antes do nascimento de Jesus, já dizia: ‘O mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel’, em Isaías 7:14”, detalha lembrando, também, de outros versículos como Isaías 9:6-7, apontam para a vinda de Jesus como o Salvador.
Já para os católicos, o Natal também é tempo de celebração em comunidade. Expressa sobre o amor de Cristo, a entrega da maternidade de Nossa Senhora e o exemplo do patriarca São José, o Padre Josué Bosco, da Basílica de Nazaré, lembrou que o período não apenas celebra o nascimento de Jesus, mas também fortalece os laços de fraternidade.
“É celebrar o amor que Deus tem por nós. Deus enviou o seu filho para vir para junto do povo, para estar conosco e nos ensinar como devemos viver, respeitar, estar juntos como uma família. O Natal é isso, acolher, viver o amor que Deus sente por cada um do seu povo, cada ser humano”, frisa. O papel do período é, sobretudo, de maior proximidade com os ensinamentos de Cristo, de refletir sobre a missão como cristãos na prática diária, especialmente em tempos de desafios sociais.
“Estar juntos, nos entrelaçar em uma só fé, celebrar a alegria da vitória de Cristo sobre toda a morte, sobre o pecado, que redime as nossas falhas; e não só celebrar como memória, mas com a vida. Por isso é preciso fazer caridade, seguir o exemplo que Cristo nos dá através do Evangelho, dos mandamentos”, pontua.
PLURALIDADE
Em meio a uma sociedade plural, as diferentes formas de vivenciar essa data revelam nuances que ligam renovação espiritual, reflexão e união familiar. Para a professora de educação infantil Cléia Souza, de 47 anos, católica, o dia 25 de dezembro ganha um sentido especial duplicado: é aniversário de Jesus e dela, o que ela resume em uma palavra: amor. “Natal é amor no coração, servir ao próximo, paz e bondade. Na virada, sempre estou na igreja, e no dia 25, celebro com minha família, lembrando do que é essencial”, diz.
Já Daniele Silva, 35, também professora, enxerga o Natal como um renascimento espiritual, transformação pessoal e generosidade. Neste período, ela e a família se reúnem para criar memórias afetivas principalmente para as crianças, ajudando tanto com alimentos quanto brinquedos os pequenos da família e da comunidade.
“É renovação. É lembrar do nascimento de Jesus e, como católica, tenho a força de Maria como mãe. Estou grávida e isso me faz pensar na vulnerabilidade que Maria enfrentou e na realidade de tantas mães hoje. É um momento de agradecer por ter condições de oferecer algo melhor para meus filhos”, acrescenta Daniele.
Para Alfeu Rosa, 30, técnico em Tecnologia da Informação, o Natal é sinônimo de meditação e memórias e, como evangélico, lembra que a data remete a Cristo. “É época de resgatar o que realmente importa: a união. Cresci vendo meus pais e familiares juntos nessa época, e hoje tento fazer o mesmo. Tento manter a tradição de passar com a família, relembrando também daqueles que não estão mais entre nós”, comenta.
Alice Reis, 27, operadora de caixa, apesar de passar a data sempre de forma mais intimista, geralmente com a mãe, compartilha a visão comum de que o período remete a reunião de casa cheia com grande parte dos familiares. “É normal vermos tantas pessoas falando sempre as mesmas coisas do Natal. Eu não sigo uma religião específica, acredito em Jesus, Maria, no que é bom, e, o que importa, acima de tudo, é a fé; então, para mim, Natal é união, celebração, sobre buscar conexão e tentar ser melhor”, complementa.