Fazer listas de melhores filmes do ano sempre é algo complexo por causa das janelas de exibição das produções, falta de condições para acompanhar os principais lançamentos e a priorização de conteúdos em relação a outros.
Por isso, há algum tempo eu não faço mais “lista de melhores”, mas sim dos filmes que assisti em cada ciclo e que mais gostei. Alguns já haviam estreado em outras praças (como “Anatomia de Uma Queda”) e outros caíram direto no streaming (“The Killer”). E a minha relação funciona mais como um “exercício de opinião” sobre filmes que nem sempre escrevi sobre, mas gostei muito. São esses:
Anatomia de uma Queda – Um drama de tribunal maduro e cheio de nuances, com a direção segura de Justine Triet e um elenco formidável, com todos os prêmios ganhos merecidos.
Zona de Interesse – Um impressionante exercício de estilo a partir do uso do som do cinema como choque social. Sandra Huller, pela segunda vez em um ano, domina completamente os quadros.
The Killer – John Woo volta a mostrar porque é um mestre da ação. Composições elegantes em meio ao sangue e balas, câmera lenta e pombos voando para todo lado. Absolute cinema.
Furiosa – Uma pena que esta insanidade pós-apocalíptica tenha sido um fracasso de público. Mesmo assim, é a mostra que George Miller continua afiado atrás das câmeras. Queremos mais.
Sorria 2 – Uma ópera de horror gore e violenta, que consegue ser superior ao primeiro filme, com cenas que entram para a galeria das melhores do gênero e um final surpreendentemente corajoso.
Ainda Estou Aqui – Walter Salles concentra suas lentes no sofrimento de uma família de classe média diante dos horrores da ditadura, e os inúmeros vazios que se criam com a ausência, sejam físicos ou sentimentais. Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro monstruosos.
Dias Perfeitos – É difícil passar incólume a esta preciosidade de Win Wenders, que extrai beleza e sensibilidade no prosaico e no cotidiano simples. Um exemplo de que o bom cinema vai além do barulho e dos efeitos especiais.
Ficção Americana – Divertido, abusa dos clichês para criticar a percepção americana da cultura negra. Chegou direto para o streaming no Brasil, mesmo indicado para vários oscars.
Propriedade – Um thriller brasileiro que escancara as diferenças de classes, adotando tons maniqueístas propositais e muita violência. Malu Galli assustadora.
Rebel Ridge – Um filme pequeno de ação, lançado direto no streaming, pode ser bom? Sim, pode, por trazer novidades ao estilo brucutu, incluindo um protagonista pacifista e o poder destruidor do racismo e da burocracia. Coisa fina.
Menções honrosas: Vidas Passadas, Abraço de Mãe, Loves Lies Bleeding, A Substância, Um Lugar Silencioso – Dia Um, Alien Romulus