NA ATIVA

Coletivo Rádio Cipó retorna à cena

Descubra o som único do Coletivo Rádio Cipó. Música independente de Belém, com influências do dub e novas parcerias.

Com nova formação, grupo mostra ao público resultado das atuais pesquisas sonoras
Com nova formação, grupo mostra ao público resultado das atuais pesquisas sonoras

O Coletivo Rádio Cipó está vivo. E bem. Surgido na fervilhante cena musical independente de Belém do início dos anos 2000, o grupo, sempre identificado pela multiplicidade de referências sonoras costuradas pelo dub, está de volta à ativa, com novas parcerias, e já engatando música nova. A banda faz show nesta quinta, 19, durante a festa “Baila y Bebe”, com o cantor Juca Culatra, na Kaza Mazé. Amanhã, 20, fazem um som mais intimista no espaço do selo Budokaos, casa que assume a produção do novo trabalho.

A atual configuração traz em seu “núcleo duro” três membros da formação original: os músicos Renato Chalu (agora dividido entre guitarras e teclados), Luís Bolla (percussão) e

Carlinhos Vas (que se mantém como produtor musical, mas deixou a bateria para assumir o groovebox e escaleta). E agora abraça Andrei Francisco (flauta transversal).

Carlinhos Vas explica que o Coletivo recria sua nova identidade musical com versões de música brasileira com afrobeat e dub jazz hop. “A nova cara do CRC, eu acho, são quatro pessoas, que podem fazer um show instrumental, colocando vozes com sampler. Mas como o Coletivo sempre foi um time grande, é muito importante sempre estar colocando pessoas novas, talentosas”.

Para quem não lembra, passaram pelo Coletivo nomes como Mestre Laurentino e Dona Onete, hoje representante da música paraense internacionalmente. Nesta nova fase, a banda ganha o reforço de duas vozes jovens conhecidas do público da noite de Belém. Uma delas é a cantora e DJ Marina Morais, que transita pelo universo do pop, reggaeton, rock e eletrônico. A outra é Dudub, que assume o vocal masculino depois da partida precoce do MC Rodrigo Jahmants, falecido em 2023, e da saída de Ruy Montalvão para a carreira solo. Juntam-se a eles, ainda, o multi-instrumentista Charles Santanna e o percussionista David Campos.

O caldo de todas essas referências já rendeu uma composição nova, “Malé Muleque Doido”, que está sendo produzida por Marcel Barretto, do Budokaos, e em breve deve chegar às plataformas de streaming, em parceria com a carioca Nikita Digital.

“Eu sou fã do Coletivo desde moleque, dos meus 15 anos. Ouvia muito, coisas como ‘Choque Elétrico Piau’. A oportunidade de produzir eles é quase uma reparação histórica e pessoal, ter oportunidade de produzir os caras que me influenciaram”, diz Marcel.

“Todos os elementos da banda, os beats, os cantores, tudo convergiu para uma parada só, e poderosa. Ela é pop, boa, e naturalmente isso aconteceu. Tem groove, tem percussão, mas não tem mais bateria. Temos o beat Coletivo Rádio Cipó total, temos um corpo de percussionistas que dá uma levada muito mais tribal e temos dois ótimos cantores, que sabem se posicionar, a sua essência”, elogia o produtor, que disse não ter feito mais do que “ajustar uma coisinha aqui e ali”. “A produção é muito deles, meio que dou uma direção”, conta.

Nos shows de hoje e amanhã, o público deve conferir essa sonoridade atualizada em músicas presentes no elogiado álbum “Formigando na Calçada do Brasil” e também em homenagens a nomes como The Skatalites, Raul Seixas, Originais do Samba e Fela Kuti.

Carlinhos Vas, que há vários anos vive em São Luís, no Maranhão, onde desenvolve um trabalho solo, mas agora deve se dividir entre lá e Belém, está feliz com o novo momento da banda.

“A gente está conseguindo fazer essa mistura de uma maneira muito livre, conseguindo misturar várias coisas, como batidas afros, batidas eletrônicas com beat de hip-hop, com beat de funk, de samba, sem deixar a essência do rock and roll. Muita coisa de distorção vem disso”, diz Carlinhos, confirmando que o grande lance do CRC continua sendo experimentar sem amarras.

“O Coletivo sempre foi dub. Mas especialmente no jeito de tocar, de ir colocando as coisas, experimentando”, completa Renato Chalu, de quem fãs mais antigos vão reconhecer os efeitos climáticos, mas agora vindo mais do teclado.

shows

Coletivo rádio cipó

Baila y Bebe

Juca Culatra + Rádio Cipó

Quando: Hoje, 19, às 20h

Onde: Kaza Mazé (

Trav. Pe. Eutíquio, 2374 – Jurunas)

Quanto: R$ 10

Informações: (91) 99291-2009