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Nome de ídolo: Paysandu tem novo Iarley e o "original" fica feliz com a homenagem

Tylon Maués

Após o gol marcado na noite do dia 24 de abril de 2003, que valeu a vitória do Paysandu de 1 a 0 sobre o Boca Juniors, em plena Bombonera, a vida do meia-atacante Iarley mudou. Foi um cartão de apresentação para o jogador que tentava reerguer a carreira que era muito promissora, mas estava num passo atrás após ser contratado muito jovem pelo Real Madrid, onde jogou apenas pelo time B. O gol e a campanha bicolor na Libertadores daquele ano serviram como confirmação de que o potencial do jogador cearense era enorme e merecia mais chances em alto nível. De lá, ele rodou pelo próprio time Xeneize, onde foi campeão mundial ostentando a camisa 10 de Maradona, mesmo título conquistado no Internacional-RS, além de mais uma passagem vencedora pelo Corinthians-SP. A carreira vitoriosa teve uma consequência comum a grandes ídolos, com várias crianças sendo batizadas com o mesmo nome em todo o país.

Domingo passado, no clássico amistoso entre Paysandu e Tuna Lusa, vencido pela Águia por 1 a 0, os dois lados tiveram jogadores batizados como Iarley, ambos vindos diretamente do sub-17 para o elenco principal. O Iarley bicolor é zagueiro, já o tunante é atacante também. Destes, apenas o primeiro já tem contrato como profissional, enquanto que no Souza ainda se estuda a situação do jogador que é oriundo do futsal da Lusa. Uma breve consulta no site O Gol (ogol.com.br), maior base de dados sobre jogadores brasileiros na internet, vai constatar um sem número de jogadores chamados Iarley, todos nascidos a partir de 2003. O ídolo bicolor falou com exclusividade com o Bola sobre as homenagens que recebe com os homônimos e como lida com isso.

P – Quantos relatos você já ouviu de crianças do Pará que foram batizadas com seu nome?

R – Muitos relatos, sim, tantos que nem tenho a conta. No Ceará, no Sul. Em São Paulo, Goiás, Pará, até em outros estados. Alguns fiquei amigo da família, mantenho contato até hoje. Fico muito feliz e isso aumenta minha ainda mais responsabilidade em ser um bom exemplo, ser um cidadão correto. Minha carreira foi pautada por isso, sem polêmicas que possam manchar minha imagem.

P – O Iarley atual do Paysandu está apenas começando, acabou de subir do sub-17 para o profissional. Qual conselho você daria a ele?

R – O conselho que dou para ele e para todos numa situação como essa é a dedicação. Como ele está em fase de conhecimento, tem que ter motivação, prestar muita atenção no que é colocado pelo treinador para que ele aprenda e se desenvolva como atleta. Peço ao clube que tenha paciência para ele aprender e se desenvolver. Ajuda muito o Paysandu ter na sua diretoria pessoas como Vandick, Lecheva, que são ídolos e ex-jogadores do clube. Eles conhecem esse processo e sabem o que ele passa e podem ajudar.

P – Dentre as grandes lembranças de sua carreira, do Boca ao Corinthians, do Internacional ao Goiás, qual o tamanho que tem aquela campanha do Paysandu na Libertadores para você?

R – Tem um tamanho enorme porque tudo começou ali. Para me tornar um campeão mundial, o começo foi no Paysandu. Tivemos uma grande atuação na fase de grupos, o gol na Bombonera, tudo contribuiu para chegar ao nível que cheguei.

P – Quando te perguntam como um time sem tradição internacional foi tão bem na Libertadores, o que você diz?

R – O futebol é mágico por isso. É uma união de várias características. A formação daquele elenco foi especial. Tínhamos jogadores jovens e experientes, com características que se complementaram. Futebol tem sua fase e aquela nossa ali foi espetacular. Nós aproveitamos muito bem e transformamos todo o potencial de quem estava no Paysandu em resultados em campo. Deu liga e conseguimos excelentes resultados. Obviamente, queríamos ser campeões, mas o título foi aquela campanha maravilhosa e com aquela vitória histórica.

O momento para o garoto Iarley é de aprendizagem – Foto: Márcio Melo/PSC

Jovem zagueiro promete dedicação para crescer no futebol

O zagueiro bicolor Iarley, de 18 anos, batizado em homenagem ao ídolo do Papão, ainda está engatinhando entre os profissionais. Ele sabe que é a sexta opção atrás de Genilson, Naylhor, Wanderson, Bocanegra e Lucas Marreiros, mas só por estar no elenco de cima já sai na frente de todos de sua idade dentro da Curuzu.

“Tem sido um momento muito importante fazer parte do profissional. É um sonho desde criança que vem se realizando e, com a ajuda dos meus companheiros, a adaptação fica muito mais fácil”, disse. “Treinar com essa galera que tem muito pra me ensinar é uma honra e eu estarei disposto a aprender todos os ensinamentos passados”, completou Iarley.

O momento também é de aprendizagem, de ouvir o treinador e os companheiros mais experientes. Segundo o zagueiro, as conversas têm sido frequentes com os mais rodados no futebol. “É uma relação de família. Eles sempre estão dispostos a me ajudar, como o Bruno Alves, o Jiménez, que vêm me dando muito apoio pra tirar de letra essa nova fase da minha vida”.

O que é óbvio em sua carreira e sua vida fora de futebol são as perguntas frequentes sobre o nome e a resposta é sempre a mesma, de que realmente foi uma homenagem dos pais bicolores ao antigo atacante do Papão. “Muitas vezes me perguntam sobre meu nome, se foi inspirado no Iarley, ex-jogador do Paysandu. Meus pais me falaram que botaram meu nome em homenagem a ele, depois do jogo entre Paysandu e Boca. Eu fiquei muito feliz por botarem esse nome”.