Agência O Globo
No último dia 23 de janeiro, Romário Santos Sá cumpria o que acreditava ser mais um dia comum em sua rotina como motorista de aplicativo, em Vargem Grande Paulista, na Região Metropolitana de São Paulo, quando acabou vítima de um crime que deixaria marcas permanentes em sua vida. Ao aceitar uma corrida, foi assaltado, teve carro e pertences roubados e, mesmo tendo entregado tudo o que tinha, acabou baleado nas costas pelos criminosos, de forma covarde. Ele sobreviveu aos graves ferimentos, mas acabou ficando paraplégico.
Dez dias depois da trama, investigadores da Polícia Civil afirmam que se surpreenderam ao descobrir que a emboscada partiu de um celular a mais de 2,8 mil quilômetros dali. A viagem foi solicitada por uma mulher no Estado do Pará.
O inquérito narra que o assalto foi anunciado assim que os suspeitos Gustavo Matias dos Santos e Guilherme de Jesus Almeida entraram no carro. Sob ameaça armada, eles roubaram o veículo, um Toyota Corolla, e também o celular de Romário. Em seguida, impiedosamente atiraram nele pelas costas, deixando-o em estado grave.
INVESTIGAÇÃO
Ao tomar conhecimento do crime, a delegacia local começou a investigá-lo: buscou e ouviu testemunhas, recolheu imagens de câmeras de segurança e chegou ao nome de um dos suspeitos, Gustavo, que foi identificado pela vítima. A partir daí, com uso de tecnologia e com autorização judicial para o afastamento de sigilos telefônicos da linha do suspeito, chegaram ainda ao nome de Tainan Miranda da Luz, moradora de Ananindeua, no Pará, que, de lá, teria solicitado a falsa viagem que foi aceita por Romário.
Com apoio do Ministério Público de São Paulo e autorização da Justiça, a polícia obteve mandado de prisão contra Tainan, que foi encontrada e detida na quinta-feira (2), pela Polícia Civil paraense, por participação no crime de tentativa de latrocínio. Interrogada, a suspeita confirmou que é dona da linha telefônica e do perfil no aplicativo usado para pedir a corrida, mas disse ter “emprestado o aparelho” a terceiros durante uma festa.
Por fim, a quebra de sigilos telefônicos levou a polícia também a Guilherme de Jesus, identificado pela vítima como o autor do disparo que o deixou paraplégico. Ele e Gustavo estão foragidos.