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Exposição revisita a obra de João de Jesus Paes Loureiro

Várias fases da trajetória de Paes Loureiro estão na exposição. FOTOS: DIVULGAÇÃO
Várias fases da trajetória de Paes Loureiro estão na exposição. FOTOS: DIVULGAÇÃO

A exposição “Paes Loureiro, operário do raro” abre nesta terça-feira, 10, às 19h, no Museu de Arte de Belém (Mabe). A mostra celebra os 85 anos do poeta, completados em junho do ano passado. Sobretudo, traz fotografias, vídeos, livros e instalações. A visitação ocorre até o dia 30 de janeiro de 2025.

O poeta Marcílio Caldas Costa é um dos organizadores da exposição. Ele diz que o propósito é enaltecer a importância de Paes Loureiro e de sua produção intelectual ao longo de sua vasta trajetória. Em síntese, a expectativa é possibilitar, inclusive ao público em geral, conhecer a prodigiosa obra do autor.

“A proposta de homenageá-lo pelos seus 85 anos é uma oportunidade de mostrar a importância do Paes Loureiro. E a necessidade de se fazer essa menção e esse conjunto de ações em torno do aniversário de um intelectual, um poeta contemporâneo presente e de uma fundamental importância”, diz.

Exposição integra Ocupação Paes Loureiro

A iniciativa integra a Ocupação Paes Loureiro. Em suma, é constituída de uma série de ações, como saraus de poesia. Uns já ocorreram e outros se repetirão em locais distintos de Belém. Haverá ainda um site dedicado ao autor, um colóquio denominado “Paes Loureiro”, previsto para ser lançado em janeiro, além ainda de oficinas que encerrarão a série já iniciada.

A exposição gira em torno de um panorama das obras de Paes Loureiro, explica Marcílio Caldas Costa.

“Nós fizemos uma pesquisa que procurou levantar boa parte da vasta obra dele. Nós tivemos acesso a praticamente todos os livros dele. Com isso, fizemos reprodução desse material, porque existem muitos livros raros. Então, serão expostas capas desses livros, assim como o primeiro livro dele, ‘Tarefa’, que foi gerador de todo um processo poético, estético, que foi disparado na vida dele”.

Também é retratada na mostra a relação do homenageado com a música. “Temos algumas capas de disco, algumas que ele participou, como por exemplo, ‘Quinteto Violado’, que é um disco bem antológico, em que os poemas dele foram musicados pelo grupo, que é um quinteto da Bahia. Tem parcerias dele com os músicos Salomão Habib, Sebastião Tapajós e outros discos bem raros que a gente conseguiu encontrar”, diz.

Mostra traz registros pessoais de Paes Loureiro, como fotos e cartas

Segundo Marcílio, “a exposição traz ainda cartas e correspondências entre ele e alguns outros intelectuais. Entre eles, Carlos Drummond de Andrade, Ivan Junqueira, que foi um grande poeta brasileiro e presidente da Academia Brasileira de Letras. Ainda com Antônio Carlos Secchin e Gilbert Durand, que foi um grande intelectual, filósofo francês, com quem manteve uma amizade”.

As fotografias desenham esse panorama do Paes Loureiro enquanto sujeito atravessado pelo tempo, descreve o organizador.

De acordo com o organizador, é uma série fotográfica, como a própria exposição. Um panorama, que possui um recorte feito por uma perspectiva de um processo curatorial. A gente consegue apresentar ao público uma dimensão desse autor e sua trajetória, sua vasta obra e sua experiência na literatura e nas mais diferentes linguagens e suas interlocuções com outros autores”.

Amazônia está presente na obra do poeta

Para o poeta Andreev Veiga, que também integra a equipe da Ocupação Paes Loureiro, a trajetória de Paes Loureiro está profundamente ligada à história cultural da cidade de Belém e do estado do Pará. Ele também destaca que a Amazônia sempre esteve presente na obra de Paes Loureiro.

“É a partir dessa nossa região que João de Jesus Paes Loureiro permanece construindo sua obra, atento às relações entre indivíduo e natureza e as diversas nuances que reverberam desse binômio. É a partir desse vetor que podemos compreender a sistematização que o poeta faz da complexa cultura amazônica. Compreendendo-a enquanto o resultado da relação ‘indivíduo e natureza’, e cujo conceito foi definido por ele como ‘uma poética do imaginário’”, afirma, Andreev Veiga.

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