Atrasada a quase um ano, a obra do Mercado Municipal de Icoaraci ainda nem foi iniciada pela atual gestão da Prefeitura de Belém. Por lá, os feirantes estão entregues à sorte em um espaço insalubre e muito sujo, segundo os trabalhadores. Poeira, telha solta, goteiras e infiltração fazem parte da rotina de quem trabalha no local para garantir o sustento diário. A demora na reforma tem afastado os clientes, que cada vez mais não querem comprar alimentos em condições inadequadas.
Orçada em 13,7 milhões de reais, a obra faz parte do conjunto de reforma de feiras de Belém que também estão com obras paradas e sem previsão de entrega pela prefeitura. Esta foi iniciada em junho de 2022 com a promessa de reforma da estrutura atual e ampliação do mercado, que comporta 100 permissionários, além dos auxiliares, conforme a Secretaria Municipal de Economia (Secon).
De acordo com feirantes, apesar de ter sido anunciada em 2022, o remanejamento dos trabalhadores para uma feira provisória, anexo ao mercado, só ocorreu em abril de 2023. A promessa da prefeitura era que a obra fosse iniciada logo em seguida para ser entregue em janeiro de 2024. Porém, após a mudança dos feirantes para o anexo, foi construído apenas um banheiro provisório embaixo de um telhado de metal.
Atualmente, na parte posterior a feira, onde ficavam alguns trabalhadores, se encontra um descampado cheio de mato, mas sem sinais de início da obra prometida. Ainda segundo os feirantes, quando perguntado, um dos responsáveis pela obra diz que não sabe nada sobre os atuais prazos e a previsão do início da reforma. A situação deixa os trabalhadores de mãos atadas. Tendo que trabalhar em um espaço bastante inadequado à venda de alimentos, eles se deparam com o sumiço dos clientes e a escassez do dinheiro no bolso.
PRECARIEDADE
A movimentação dos clientes tem minguado cada vez devido às atuais condições do Mercado Municipal de Icoaraci. Segundo a feirante Marluce Nascimento , de 52 anos, a falta de setorização na feira provisória foi um dos motivos do afastamento dos consumidores. Além disso, a esperança é que as obras sejam iniciadas o quanto antes, já que o prazo de entrega já está estourado em cada um ano.
“O que é ruim aqui é que ficou todo mundo junto aqui, os bares com a venda de comidas e as ervas. Não tem uma setorização. Nisso a gente perdeu um pouco a clientela. Agora em abril de 2025 já vai fazer dois anos que estamos na feira provisória e a promessa era que em janeiro de 2024 a gente já estivesse de volta ao nosso local de trabalho. Já vai fazer um ano da promessa e nada dessa obra andar”.
Na antiga estrutura do mercado ainda trabalham diversos feirantes que relatam situações precárias do local. De acordo com o peixeiro Raimundo Paixão, 55, que trabalha há 40 anos no espaço, o mercado nunca foi reformado, apenas teve os boxes nivelados. O tempo sem manutenção fez com que surgissem muitos problemas: telhas soltas, goteiras e infiltração, problemas responsáveis pelo alagamento do mercado em tempo de chuva.
A expectativa é que o novo prefeito, Igor Normando, dê início às obras assim que assumir o cargo, em janeiro de 2025, já que o atual gestor não cumpriu com a promessa. “A gente continua aguardando a reforma do mercado. Estamos esperando que o novo prefeito olhe pela gente. Estamos precisando que isso seja feito o mais rápido possível para melhorar a nossa situação, para que a gente trabalhe em um espaço melhor, com mais higiene. Quando existia a feira aqui atrás, o movimento era melhor, agora caiu a venda, ficou difícil, mas temos que seguir”, conta o peixeiro.
Conforme o feirante Eliel Neves, de 41 anos, o espaço é povoado por ratos e baratas, o que não é nenhum pouco higiênico para quem trabalha com comida. “Eles prometeram entregar essa feira, mas até agora não tem nada, ainda nem começou a obra. Eu espero que isso aqui seja melhor porque hoje, do jeito que tá, não tá nem um pouco bacana. No mercado tem muito rato, barata, esses bichos que para quem trabalha com comida não é higiênico. Eu espero que comece logo para ver se melhora o nosso espaço de trabalho e a clientela volte”, concluiu.