ECONOMIA

Veja os riscos do crédito rotativo para o bolso do consumidor

O crédito rotativo do cartão de crédito tem se mostrado uma armadilha financeira para muitos consumidores, mostrando um cenário nacional preocupante

Golpe da máquina que rouba senha do cartão se espalha pelo país
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O crédito rotativo do cartão de crédito tem se mostrado uma armadilha financeira para muitos consumidores, mostrando um cenário nacional preocupante, especialmente com a recente alta dos juros médios, que subiram 11,5% em setembro, chegando a 438,4% ao ano. A taxa já é a mais elevada desde dezembro de 2023, quando os juros médios chegaram a 442,1% ao ano. As informações são do Banco Central (BC), divulgadas no dia 30 passado.

O crédito rotativo é o saldo devedor que permanece quando o cliente paga apenas parte da fatura, gerando a cobrança de juros sobre o valor não quitado. Para Ailton Ramos, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Pará, o cartão de crédito pode ser “um vilão e o mocinho” ao mesmo tempo. “Se você paga em dia, o cartão é o mocinho. Dependendo do dia da compra, ele pode oferecer até 40 dias de fluxo de caixa. É um crédito fácil. Mas no Brasil, o risco de inadimplência é muito alto, e as operadoras acabam elevando o juros rotativo para compensar os maus pagadores”.

Segundo ele, a falta de educação financeira é um dos principais motivos que levam o consumidor a cair no rotativo. “A pessoa faz uma compra de R$1.000, não consegue pagar e opta por parcelar em 24 vezes de R$100, o que representa R$1.400 a mais”, detalha sobre aqueles que encontram dificuldade em pagar suas faturas integralmente e acabam optando por parcelamentos com taxas exorbitantes.

O economista Luiz Carlos Silva, membro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), também alerta para os riscos dessa modalidade. Ele observa que o crédito rotativo supera até mesmo o cheque especial em termos de perigo financeiro, sendo fundamental que o consumidor evite deixar de pagar o valor total da fatura.

“É prudente pagar o máximo que for possível, evitando o mínimo, e priorizar o pagamento integral no mês seguinte. Caso contrário, a pessoa entra em uma espiral de juros que facilmente chega a 100% do valor parcelado”, pontua.

Dentre os riscos, Silva destaca que após dois meses sem quitar a fatura integralmente, o cliente passa a ser considerado inadimplente, o que pode resultar na negativação do nome nos serviços de proteção ao crédito. E para quem busca alternativas menos prejudiciais financeiramente, os economistas recomendam outras formas de crédito, como o consignado que, embora tenha altas taxas, é menos oneroso que o rotativo do cartão.

“Se o consumidor for servidor público, por exemplo, o consignado pode ser uma opção de menor risco”, orienta Luiz Carlos. Ailton reforça a importância de um planejamento financeiro e de evitar o acúmulo de pequenas compras parceladas “que aumentam desnecessariamente o valor da fatura”.