O 10º dia de Conferência do Clima da ONU em Baku amanheceu mais otimista. Isso porque logo no início da manhã de quinta-feira (21) foram divulgados alguns rascunhos das negociações que seguem em ritmo lento desde o início da segunda semana de cúpula.
Há um dia da plenária final da COP29, prevista para esta sexta-feira (22), especialistas e observadores da sociedade civil organizada ainda se mantêm otimistas de que a conferência consiga encerrar com um saldo positivo em relação às negociações. O dia também foi marcado pelo retorno da Ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, à Baku.
Os novos textos que abordam o momento atual das negociações nas diferentes frentes de trabalho foram divulgados entre 20h de quarta-feira (20) e 9h de quinta-feira (21), horário de Baku. Em muitos casos, eles ainda carregavam marcações que indicam indefinições nas negociações, ou seja, trechos que ainda não alcançaram consenso entre as partes.
Acompanhando a agenda de perto nas diferentes frentes, especialistas da Laclima, que é uma organização de advogados de mudanças climáticas na América Latina, fizeram um balanço parcial das negociações da conferência até o penúltimo dia.
A Diretora de Políticas Públicas e Engajamento da Laclima e cofundadora da Rede Amazônidas pelo Clima (RAC), Caroline Rocha, explica que o Brasil teve um papel importante para destravar as negociações.
Os novos textos tratam de vários itens como o Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata sobre mercado de carbono; transição justa e a nova meta quantificada global para financiamento climático. Ainda que os textos estejam em estágio inicial, a expectativa é de que eles possam ser trabalhados nestes últimos momentos da COP29 para que seja possível entregar resultados significativos no caminho rumo à COP de Belém.
Especificamente em relação ao financiamento, tema central desta conferência, o coordenador de projetos internacional da Laclima, Enéas Xavier, aponta que até quinta-feira (21) o tema persistia como um dos itens mais controversos das negociações na COP29.
“As partes ainda estão se engajando em diálogos ministeriais e também chefes de delegação para ver se eles entram num consenso em relação ao texto que deve compor a nova meta coletiva quantificada de financiamento climático. Existem alguns pontos que são entradas como, por exemplo, a quantia final que vai compor essa meta e a forma de entrega, se vai ser através de mobilização ou através de provisão”, explica.
Apesar dos impasses, Enéas avalia que há pontos positivos dentro da negociação sobre financiamento, como é a preocupação para que se destine verbas específicas para países mais vulneráveis, o que é visto com bons olhos dentro da comunidade dos países em desenvolvimento. Vale lembrar que o financiamento climático é fundamental para auxiliar os países em desenvolvimento a lidar com os desafios das mudanças climáticas.