LUGAR DE FALA

A voz da periferia de Belém na COP29

Iniciativas para descentralizar a COP30 - Conheça as propostas em andamento, incluindo a Yellow Zone, da sociedade civil de Belém.

Programação mostrou ainda como as periferias vêm se mobilizando em torno da COP30
Baku, Azerbaijão. COP29. Participantes do painel “Descentralizar as discussões da COP”. Da esq para dir. Andrew Matheus, Ezio Cordella; Carmem Duce Diaz; Ruth Ferreira; Jean da Silva; Waleska Queiroz, na COP29. 19/11/2024. Foto: Cintia Magno/Diário do Pará

O trabalho que já vem sendo desenvolvido nas periferias de Belém para ampliar o debate sobre mudanças climáticas foi tema do painel “Descentralizar as discussões da COP”, realizado na terça-feira (19), no estande da Regional Climate Fundations, na COP29, em Baku. Faltando pouco menos de um ano para a COP30, a programação mostrou como as periferias vêm se mobilizando em torno do tema.

Além de iniciativas que conseguiram descentralizar decisões, espaços de discussão, reuniões e agendas relacionadas a COPs anteriores, o painel também abordou as experiências de propostas em andamento para a COP30, como é o caso da Yellow Zone, uma iniciativa da sociedade civil local de Belém, através da Coalizão COP das Baixadas.

Desde o início do projeto que nasceu ainda na COP28, em Dubai, duas Yellow Zones já foram implantadas em Belém, uma na Vila da Barca e outra no Gueto Hub, no bairro do Jurunas. E a expectativa é de que outras duas sejam inauguradas até o final do ano.

Membro da comissão executiva da COP das Baixadas, Ruth Ferreira, de 24 anos, explica que as Yellow Zones são espaços que visam descentralizar o debate climático e ainda deixar um legado para as comunidades periféricas.

“As Yellow Zones atendem muito a demanda territorial, então, é empreendedorismo, cultura, lazer cursos, hotelaria comunitária, é o que a comunidade quer e o que a comunidade precisa. Então, a partir dessas demandas a gente atende também essa questão de educação climática, a contrapartida para a população entender mais sobre o que são essas mudanças climáticas a partir das vivências delas, mas também para incentivá-los a lutar pela justiça climática”.

Já colhendo resultados desse trabalho de mobilização, os membros da coalizão puderam apresentar as iniciativas à COP29, ambientando o cenário que muitos dos participantes que estão aqui poderão encontrar em Belém no ano que vem.

Outro integrante da delegação da COP das Baixadas que está em Baku Andrew Matheus Leal destacou a importância de levar a voz das periferias de Belém para o espaço da COP29.

“Para a gente é extremamente importante, principalmente para quem vem da periferia. Eu mesmo venho da Baixada da Terra Firme, então, tem um significado diferente para a gente estar aqui, né?”, considera.

“Estar aqui hoje falando um pouquinho sobre todo o nosso trabalho das baixadas é muito significativo e também já conseguindo transmitir tudo isso que a gente tem feito para essas pessoas que estarão na nossa cidade no ano que vem é muito importante também para que eles já saibam também como é essa cidade, como ela funciona, como são as nossas periferias, como é a dinâmica que acontece no dia a dia, nas nossas baixadas e comunidades”.

Também integraram o painel o Jean da Silva, da COP das Baixadas; e o Ezio Costa Cordella, da ONG FIMA, e a Carmem Duce Diaz, da Confederal Ecologistas em Accion, que falaram sobre experiências de descentralização das discussões climáticas no Chile e na Espanha.