CENSO DO IBGE

Belém tem 745 mil pessoas vivendo em favelas, segundo o IBGE

Descubra como o Censo Demográfico 2022 revela o retrato das favelas no Pará: quantidade de áreas, habitantes e impacto na população estadual.

Pesquisa detalha perfil populacional, condições de moradia e saneamento para todos os níveis territoriais
Pesquisa detalha perfil populacional, condições de moradia e saneamento para todos os níveis territoriais Foto:Ney Marcondes/Diário do Pará.

O Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe à tona um retrato detalhado das condições de moradia em favelas e comunidades urbanas no Pará. A apresentação do levantamento foi feita nesta sexta-feira (8) no auditório do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Os dados revelam que o Estado ocupa o quarto lugar no Brasil em quantidade de favelas mapeadas, com um total de 723 áreas identificadas.

População e Distribuição das Favelas no Pará

De acordo com o Censo 2022, o Pará possui 1.523.601 habitantes vivendo em áreas de favelas, o que representa 18,8% da população total do estado, estimada em 8,12 milhões de pessoas. As áreas de favelas em Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides, que concentram cerca de 1,9 milhão de habitantes, representam mais da metade da população da região, com 57,1% residindo em condições de moradia precária.

Este levantamento detalha dados sobre população residente por sexo, idade, cor ou raça, e as condições de saneamento básico, fornecendo insights valiosos para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à infraestrutura básica, como saúde, educação e saneamento.

Belém reúne 214 favelas

No ranking das 20 maiores favelas em número de habitantes do país, o Censo 2022 mostra que o Pará aparece na 9ª posição com a Baixada da Estrada Nova Jurunas e na 14ª posição com a Baixada da Condor, ambas em Belém. Na capital, foram identificadas um total de 214 favelas e comunidades urbanas, que abrigam uma população de 745.140 pessoas.

Entre as favelas com maior número de moradores no estado, destacam-se: Baixada da Estrada Nova Jurunas (43 mil), Baixada da Condor (31 mil), Baixada do Guamá (25 mil), Bacia do Una-Pedreira (24 mil), Bacia do Una-Telegráfo (24 mil), Paar (23 mil), Bacia do Una-Barreiro (22 mil), Montese Tucumduba (17 mil) e Bacia Tucumduba Guamá (16 mil).

Tecnologias Usadas para Levantamento das Favelas

O coordenador técnico do Censo 2022 no Pará, Luiz Cláudio Martins, destacou a importância estratégica dos dados para a criação de políticas públicas direcionadas. O levantamento exigiu a utilização de imagens de satélite e softwares de geoprocessamento para mapear as áreas de risco e ocupação urbana irregular.

Além disso, o analista em geoprocessamento do IBGE-PA, Regivaldo Aguiar, explicou que as técnicas inovadoras de geoprocessamento ajudaram a identificar novas áreas de ocupação em zonas inadequadas para moradia, muitas vezes associadas a áreas de risco ambiental.

“Usamos imagens de satélites comparando as que anteriormente se chamavam aglomerados subnormais, de 2010, com um levantamento que nós fizemos a partir de 2018, com uma nova técnica. Buscamos identificar, junto a especialistas do IBGE do Rio de Janeiro, quais eram as novas áreas de ocupação em áreas inapropriadas para habitação, que geralmente coincidem com as áreas de risco”, detalhou Aguiar.

Joana Valente, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Cidade, Habitação e Espaço Humano (GEP-CIHAB) da UFPA, além de receber os dados dentro da instituição, declarou que o desenvolvimento às necessidades da Amazônia dependem destas datificações.

“Nosso trabalho revela que há um alto grau de inadequação habitacional, com carências significativas em infraestrutura que afetam profundamente a qualidade de vida nas comunidades ribeirinhas, das ilhas e moradores de pequenas cidades. Esses dados vão além dos números; eles são essenciais para construirmos políticas públicas eficazes”, pontuou.

Distribuição da População em Favelas no Pará

O levantamento do Censo revelou que 786.718 habitantes de favelas no Pará são mulheres (51,7%), e 736.890 são homens (48,3%), mantendo a média nacional. A presença feminina é mais acentuada nas faixas etárias mais altas, especialmente entre os 75 anos ou mais, onde 60% são mulheres.

. Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará.
. Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará.

Quanto à cor ou raça, a maioria da população das favelas do Pará se identifica como parda (1.038.224), seguida por branca (301.295), preta (178.851), indígena (3.221) e amarela (1.467). O Pará é o quarto estado do Brasil com a maior concentração de povos indígenas vivendo em áreas de favelas, totalizando 4.939 indígenas.

Principais Favelas e Comunidades Urbanas em Belém e no Pará

O Estado do Pará ocupa a quarta posição no Brasil em quantidade de domicílios permanentes ocupados em áreas de favelas, com um total de 473.068 residências. Em Belém, a capital paraense, 288.560 domicílios estão localizados em favelas e comunidades urbanas. Entre as maiores áreas de moradia precária em Belém estão as favelas da Baixada da Estrada Nova Jurunas (43 mil moradores) e da Baixada da Condor (31 mil moradores).

Outros dados mostram que, das 20 maiores favelas do Brasil, o Pará aparece na 9ª posição com a Baixada da Estrada Nova Jurunas e na 14ª posição com a Baixada da Condor.

Saneamento Básico nas Favelas do Pará

Em relação ao saneamento básico, a coleta de lixo é realizada em 96,3% dos domicílios em favelas e comunidades urbanas do Pará. Em Belém, a coleta de lixo atende 90,3% das residências em áreas de risco. No entanto, ainda existem desafios, como 6.833 domicílios que despejam lixo em terrenos baldios ou áreas públicas, e 3.017 que queimam resíduos na propriedade.

Quanto ao esgotamento sanitário, 66,7% dos domicílios em favelas e comunidades urbanas do Pará estão conectados à rede geral de esgoto ou possuem fossas sépticas. Em Belém, esse número chega a 76,4% das residências.

Abastecimento de Água e Infraestrutura

A infraestrutura de abastecimento de água nas favelas do Pará também apresenta avanços, com 91,9% dos domicílios possuindo água canalizada. Em Belém, o índice é ainda mais elevado, com 92,9% das residências com acesso à água tratada.

No entanto, 37,5% dos domicílios no estado ainda dependem de poços profundos ou artesianos, enquanto em Belém esse número chega a 37,5% também.