CIDADE

Demora em obra da feira e mercado da Pedreira gera revolta

A situação afeta diretamente os trabalhadores que permanecem em uma estrutura provisória na avenida Pedro Miranda, em Belém

Obra começou em junho de 2022, mas atraso na conclusão gera revolta em feirantes 
FOTO: MAURO ÂNGELO
Obra começou em junho de 2022, mas atraso na conclusão gera revolta em feirantes FOTO: MAURO ÂNGELO

A promessa de revitalização da feira e do mercado da Pedreira, em Belém, transformou-se em um tormento para os feirantes. A obra teve início em junho de 2022 e, pelo que se vê hoje, está em ritmo lento.

O DIÁRIO esteve em setembro deste ano no local. A então resposta da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) foi de que a previsão de entrega do Mercado seria até o final de setembro e do Complexo até o final de outubro deste ano. Na manhã de ontem (6), a equipe retornou ao local e verificou-se que, aparentemente, as obras seguem, mas com uma quantidade de trabalhadores pequena.

A situação afeta diretamente os trabalhadores que permanecem em uma estrutura provisória na avenida Pedro Miranda, em condições que eles descrevem como insalubres e inviáveis para manter seus negócios. Há 30 anos vendendo frutas na feira, Pedro Jesus, 50 anos, relata o impacto negativo da espera e as dificuldades enfrentadas na esquina de onde será o Complexo.

“A gente não tem como guardar essa mercadoria direito, não tem um local certo para colocar e a gente fica aqui ao relento. Quando chove, é complicado. Fica sol, chuva, e a mercadoria vai ficando mais frágil com o calor”, relata.

ABANDONO

Telma Albuquerque, 59, outra feirante veterana, com 45 anos de atuação no local, expressa uma sensação de abandono, apontando a falta de manutenção nos boxes provisórios. “Nós estamos aqui esquecidos e abandonados, e não estamos vendendo nada. Queremos retornar ao nosso local de trabalho, que foi prometido em um ano, e já passou um ano e 10 meses. Já vi na televisão que talvez entreguem só no próximo ano”, diz.

“Esses boxes já vão se desmanchar antes da próxima entrega, estão cheios de cupim e infiltrações”, alerta, expondo os problemas estruturais que vem se agravando no espaço provisório. “Fora que a obra ficou parada esse ano durante 4 meses, ficando mais difícil ainda”. O banheiro usado pelos feirantes fica em uma estrutura precária montada na calçada da avenida.

Para Ruan Rodrigues, 52, que trabalha no ramo de calçados, a frustração com a situação é notória. Ele comenta que a feira provisória se tornou inviável para muitos colegas, que tiveram que fechar os negócios devido à baixa demanda. “Prometeram um retorno rápido, mas estamos aqui há quase dois anos. Muita gente já quebrou. Quem não aguenta o prejuízo procura outra forma de sustento. Nossa situação é difícil, essa estrutura não permite trabalhar adequadamente e o próprio cliente não quer entrar, fica com receio ao ver o estado da feira”, lamenta.

Apesar das cobranças, os feirantes não têm recebido atualizações sobre a obra por parte da prefeitura. “Esse tempo todo de espera nos coloca em uma situação de desespero. Queremos dignidade para trabalhar, para vender nossos produtos. Eu já perdi 50% das minhas vendas depois que vim para cá. Não é justo sermos esquecidos assim”, desabafou Shirley Costa, 46, que está há mais de 20 anos no setor de vestuário na feira.

SEURB

Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), as obras do novo Complexo da Pedreira já avançaram 90%, e ajustes estão sendo feitos para otimizar o atendimento aos feirantes e à comunidade. A previsão de entrega do Complexo é até dezembro deste ano, enquanto o Mercado da Pedreira deverá ser concluído em 2025.

De acordo com eles, as obras envolvem um investimento de R$22,93 milhões para todo o Mercado e todo o Complexo da Pedreira; e deve beneficiar diretamente 858 pessoas, entre permissionários e ajudantes, além de visitantes. “Todo o processo de revitalização dos Mercados, Feiras e Complexos foi acompanhado e sugerido em audiências públicas abertas aos feirantes, moradores dos bairros envolvidos e população em geral, que puderam opinar no projeto e nas alocações das feiras provisórias padronizadas, montadas próximas aos espaços em obras”, acrescenta.