ALIMENTAÇÃO

Pesquisa: maioria leva comida para o trabalho

Pesquisa “Panorama da Alimentação no Trabalho” revela que 56% dos trabalhadores ouvidos no país optam por levar comida de casa, sendo que 42% preferem marmitas e 14% lanches e salgados

Patrícia Santos: Pela saúde, a funcionária pública optou por levar a comida de casa, sabendo a origem e manuseio dos ingredientes Foto: Mauro Ângelo
Patrícia Santos: Pela saúde, a funcionária pública optou por levar a comida de casa, sabendo a origem e manuseio dos ingredientes Foto: Mauro Ângelo

Para muitos brasileiros, levar marmita para o trabalho deixou de ser apenas uma alternativa econômica; é também uma decisão que reflete cuidado com a saúde e controle sobre o que se consome. A pesquisa “Panorama da Alimentação no Trabalho”, realizada pelo Instituto QualiBest e encomendada pela Sapore, publicada pela Agência Brasil, revela que 56% dos trabalhadores ouvidos no país optam por levar comida de casa, sendo que 42% preferem marmitas e 14% lanches e salgados.

Esse levantamento, divulgado durante o 2º Seminário da Associação Brasileira de Refeições Coletivas (Aberc) em São Paulo, ouviu 816 trabalhadores e expôs o impacto desse hábito na saúde e no orçamento dos brasileiros.

Para a secretária Patrícia Santos, 50 anos, essa prática é parte de sua rotina há pelo menos uma década. Pela saúde, a funcionária pública optou por levar a comida de casa, sabendo a origem e manuseio dos ingredientes. Por outro lado, também visando economizar. “Trazendo o meu alimento, estou mantendo a minha saúde, porque quando a gente compra fora, a qualidade não é a mesma de quando traz de casa. E também pela economia; a gente economiza bastante trazendo da nossa própria cozinha”, conta. “Semanalmente, posso dizer que dá para economizar de R$50 a R$100”, pontua.

Ela, que mora no bairro do Jurunas, em Belém, e precisa se deslocar cedo até o bairro da Campina, já deixa sua marmita pronta na noite anterior. As combinações mais comuns em sua marmita são arroz, feijão, bife ou frango, optando, também, por alguma salada cozida. “Geralmente, eu preparo o jantar e já separo o almoço do dia seguinte”.

Outro adepto é o vendedor Diego Sena, 37, que carrega a bolsa térmica preta para o trabalho. Para ele, a valorização da segurança alimentar que essa prática proporciona é o principal fator que o fez tornar adepto. “Sempre trouxe marmita, seja por economia ou por saúde. Em casa a gente sabe como é feito, com tudo certinho. Então, todos os dias, como eu tenho uma filha pequena, fazemos a comida e aí já separo a minha porção”, diz. “Na rua, a gente nunca tem certeza. Aqui no trabalho, já faz dois anos que trago minha própria comida”.

A nutricionista Thais Veloso explica que uma marmita saudável é composta por carboidratos, proteínas, saladas e leguminosas, e recomenda a escolha de ingredientes que assegurem uma boa saciedade e que mantenham os nutrientes essenciais. Para os simpatizantes da combinação arroz e feijão, é comum que não falte esses alimentos no prato. A especialista ressalta que, como fonte de carboidrato, o ideal é combinar arroz ou macarrão.

“Já as proteínas, temos a carne vermelha, peixe ou frango, além de saladas – para manter o equilíbrio e fornecer fibras para a sensação de saciedade –, preferencialmente cozidas, para que se mantenham saudáveis sem a necessidade de higienização adicional. As leguminosas, como o feijão, mas também a lentilha, grão de bico e ervilha, são fundamentais, pois contribuem para uma alimentação equilibrada”, acrescenta.

Além da composição, o armazenamento correto é essencial para garantir a segurança alimentar, principalmente para quem não dispõe de refrigeradores no local de trabalho. Thais orienta o uso de bolsas térmicas para manter os alimentos conservados por mais tempo. “O mais seguro é levar a marmita em uma bolsa térmica. Em temperatura ambiente, os microrganismos podem se multiplicar, comprometendo a qualidade da comida. Por isso, o ideal é mantê-la refrigerada e aquecer antes de consumir”.

Para as marmitas preparadas para a semana toda, ela também recomenda que sejam congeladas. “Pode durar no freezer de 30 a 90 dias. Após descongeladas, podem ser consumidas em até três dias”. Já para as que são feitas para um consumo breve, a refeição pode ficar sobre refrigeração até três dias.

Quanto aos lanches, Thais sugere evitar os industrializados e optar por combinações simples e saudáveis, como frutas e sanduíches com queijo e pão integral. Dessa forma, os trabalhadores conseguem obter praticidade sem abrir mão de uma alimentação equilibrada e nutritiva.

Além disso, na escolha ideal de embalagem, recipientes de vidro com vedação hermética são os mais indicados para evitar o risco de liberação de substâncias prejudiciais à saúde, orienta a especialista. Em segundo lugar, prefira potes livres de BPA – ou Bisfenol A, uma substância química usada na fabricação de certos tipos de plásticos e resinas –, “que não liberam contaminantes quando aquecidos. A identificação ‘BPA free’ na base da embalagem garante a segurança desse material”.

Pratos

Para variar a alimentação, a nutricionista indica dois pratos simples para o cardápio semanal:

  • Macarrão, feijão preto com legumes na preparação, frango grelhado e salada cozida de batata, cenoura e beterraba.
  • Arroz, feijão carioquinha, carne assada de panela e salada de cenoura ralada, feijão verde e abóbora cozida.

Pesquisa

Segundo o levantamento, outros 31% dos entrevistados afirmaram comprar marmitas ou lanches na rua, 28% utilizam o vale refeição, 21% os restaurantes corporativos e 7% responderam que não se alimentam no ambiente de trabalho.

Entre aqueles que optam pelos restaurantes corporativos, 87% consideram essa uma vantagem significativa.