Nildo Lima
A próxima terça-feira (31) será de grande movimentação para o futebol do Pará. Mas nada acontecerá dentro de campo, como gostaria de ver o torcedor, e sim no chamado “Tapetão”, com o julgamento, pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, de quatro processos relacionados ao Parazão 2023. O principal deles diz respeito ao recurso do Paragominas, que pede sua inclusão no campeonato, acusando o Bragantino e o Águia de Marabá de terem utilizado, respectivamente, os atletas Hatos e Guga de forma irregular na competição de 2022, na qual o clube reclamante foi rebaixado à Série B local.
Os demais processos envolvem o Itupiranga, o Amazônia Independente, outra equipe rebaixada à Segunda Divisão deste ano, e a Federação Paraense de Futebol (FPF). A pauta da sessão do STJD foi publicada ontem, com a apreciação de oito processos, sendo os quatro últimos deles relacionados ao futebol do Pará. A reunião, que acontecerá no plenário virtual da Corte, em forma de videoconferência, tem seu início programado para às 11h.
No expediente publicado pelo STJD e assinado por seu presidente João Otávio Noronha, é informado que o auditor relator dos casos é o integrante da Corte, Jorge Ivo Amaral. O julgamento deve destravar o início do Parazão deste ano, que deveria ter ocorrido no último sábado, mas que acabou sendo sustado pelo STJD em decisão monocrática de seu presidente, atendendo pedido de liminar feito pelos advogados do Paragominas, no Rio, Marcelo Jucá e Amanda Borer. Com isso, o jogo entre Clube do Remo e Independente, que ocorreria no sábado passado, assim como o restante da primeira rodada do campeonato acabaram sendo suspensos.
Na Série B do Estadual de 2021, Hatos e Guga foram punidos pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Pará (TJD) com cinco e dois jogos, respectivamente, por terem sido expulsos em jogos do Itupiranga, clube que eles defendiam na época. Os atletas cumpriram apenas uma das partidas do “gancho” e, depois, se transferiram para o Bragantino e Águia de Marabá, nos quais voltaram a jogar normalmente o Campeonato Paraense de 2022, sem que cumprissem as penas.
Faltando três rodadas para o final da fase inicial do Parazão do ano passado, o Paragominas ingressou com processo no TJD reivindicando a perda de pontos por Bragantino e Águia de Marabá. Mas, a Corte local acabou punindo apenas o Itupiranga, com uma multa, o que fez o Paragominas recorrer ao STJD, última instância da justiça desportiva.
SUSPEIÇÃO
O Bragantino colocou, ontem, em suspeição a participação do auditor do STJD, Felipe Bevilacqua de Souza, em julgamento de processos envolvendo o Paragominas, que reivindica sua participação no Parazão 2023. Na Corte máxima da justiça desportiva brasileira. De acordo com nota publicada no grupo de WhatsApp do clube, Bevilacqua, é sócio em um escritório do advogado Marcelo Jucá, que defende o Paragominas no recurso que será apreciado pelo Pleno do Superior Tribunal, na próxima terça-feira (31), no qual o clube pede a exclusão do Bragantino e a sua entrada no Parazão deste ano.
A nota acusa o auditor de ter participado do julgamento de processos movidos pelo Paragominas e que tinham Jucá como advogado da agremiação. Bevilacqua, ainda segundo a denúncia do Bragantino, teria alegado impedimento, em razão da sociedade com Jucá, para não participar da apreciação de outros processos nos quais seu sócio era o patrocinador da causa e que não envolviam o clube paraense. A reportagem procurou, ontem, Bevilacqua, mas não conseguiu contato com o auditor.
Já o advogado Marcelo Jucá, em conversa com o DIÁRIO, confirmou a sociedade com o membro do STJD, mas negou que Bevilacqua tenha participado de algum julgamento do Paragominas após ele ter sido contratado pelo clube paraense. “O doutor Felipe participou sim do julgamento de uma causa do Paragominas, mas na época eu não defendia o clube”, afirmou. O advogado classificou como “leviana e absurda” a denúncia do Bragantino. “Vou tomar as medidas adequadas dentro do âmbito jurídico contra o Bragantino”, prometeu.